REDAÇÃO | segunda-feira – 20 de abril de 2020
CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE | RESTAURO DE CAATINGAS
Apesar do fechamento da Reserva Mato da Onça e da falta de recursos, o programa Caatingas Meta 2035 segue, não pode ser interrompido: se queremos evitar ou adiar outras pandemias de vírus zoonóticos, ecossistemas com suas florestas sadias, em larga escala, são mais essenciais do que nunca
Para as caatingas da bacia do São Francisco, e em particular do detonado trecho baixo, mesmo com tamanhas adversidades, sua inclusão no esforço para conservação, recuperação e proteção é algo que não pode ser uma mera possibilidade. Há de ser realização permanente, regionalmente e nacionalmente prioritárias, assim como demais biomas e ecossistemas, ou nada restará, uma vez que o processo de desertificação dos semiáridos alagoano e sergipano a cada dia ganha mais áreas afetadas.
Plantando ao longo da estrada para o Bebedô. Foto: Carlos E. Ribeiro | Canoa de Tolda/InfoSãoFrancisco
Tempos difíceis, extremamente difíceis, mas não impossíveis de serem vividos com perspectivas de construção de futuros alternativos. Futuros alternativos onde a conservação da biodiversidade das espécies do planeta deve ser prioridade para a garantia da própria raça humana.
Na boca do grotão do Bebedô. Foto: Daia Fausto | Canoa de Tolda/InfoSãoFrancisco
Na atual rotina da RMO – Reserva Mato da Onça em tempos de quarentena – que pouco difere, no cotidiano, do isolamento anterior à pandemia, a divisão do tempo foi ainda mais afinada para dimensionar as inúmeras tarefas a apenas duas pessoas: manutenção da Reserva que abrange além da área dos 46 hectares da poligonal e do anexo, os equipamentos como sistema de captação e distribuição de água para irrigação, manutenção do viveiro, produção e plantio de mudas, acompanhamento e manutenção de mudas plantadas há mais tempo, dentre as principais, além de produção de alimentos (frutas e hortaliças) no pequeno sistema agroflorestal para uso interno.
Pela redução do número de pessoas engajadas, o que já era uma situação anterior à crise sanitária, pela escassez de recursos vindos de editais – muitos anunciando adiamentos de etapas e/ou comunicação de resultados – e suspensão da comercialização de mudas (que serão, no entanto, essenciais para restauros futuros, pós crise, que não podem ser postergados sob alegações de que não seriam prioritários em uma fase de “retomada de crescimento”) que assegurariam a sustentabilidade da RMO, a cadência de todas as atividades, naturalmente, foi afetada. Mas nada foi paralisado, esse é o ponto essencial.
Assim, com as chuvas que ocorreram em março e início de abril, mesmo estando longe do padrão de plantios realizados em meados de 2019, inúmeras mudas foram para o chão e semeaduras ocorreram no viveiro da reserva. As chuvas de final de verão, além desse pequeno e possível avanço nas atividades, também possibilitaram um grande salto no desenvolvimento da mata em regeneração e nas mudas dos plantios dos anos anteriores, configurando o sucesso do planejamento e metodologias aplicados.
Em escala menor, a produção de mudas do viveiro da reserva foi mantida. Foto: Carlos E. Ribeiro Jr. | Canoa de Tolda/InfoSãoFrancisco
Há muito o que fazer até 2035, quando será avaliado em fase final o projeto Caatingas Meta 2035, e haverá muito mais a ser continuado para além. Não há dúvida, todas as atividades desenvolvidas na Reserva Mato da Onça fazem parte de um dos pedaços do futuro alternativo idealizados para esse [pequeno] fragmento de paisagem no Baixo, e espera-se que tal paisagem possa contribuir para outras inspirações.
Continua-se, portanto, dentro da Reserva, a germinação de sementes, produção e plantio de mudas e o que for necessário para a conservação destas matas com suas plantas e bichos.
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◊ A Reserva Mato da Onça é uma iniciativa permanente da Sociedade Canoa de Tolda
◊ A criação da Unidade de Conservação e suas ações faz parte do conjunto de iniciativas da permanentes da Canoa de Tolda no enfrentamento da crise das mudanças climáticas.
Imagem em destaque – Plantando no grotão do Bebedô. Foto: Carlos E. Ribeiro Jr. | Canoa de Tolda/InfoSãoFrancisco
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