Via Rede InfoSãoFrancisco / terça-feira – 15 de janeiro de 2020

Iniciativa busca a construção da história real do São Francisco pós-barragens e a avaliação do passivo socioambiental pelos usos, ocupações e intervenções que determinaram o quadro de desastre no presente

Qual seria, com precisão, o retrato do Baixo São Francisco após exatos quarenta anos de regularização, com a construção de Sobradinho, e sucessivas e não menos impactantes intervenções como mais barramentos; usos e ocupações irresponsáveis (muitos irregulares e/ou ilegais) do território; a transposição; inconsequentes reduções de vazão regularizada (para atendimento a um modelo de sistema socioeconômico suicida); nenhuma priorização da conservação do patrimônio natural da bacia e sobretudo da própria água?

O avanço do mar sobre a zona costeira da foz do rio se acelerou há pouco mais de vinte anos sem que fosse percebido como a marca de um sistema predatório e suicida. Foto | Canoa de Tolda

O que teria sobrado, falando mais simplesmente, de rio São Francisco e seu território para o presente e, sobretudo, para as gerações futuras? Estaremos além do ponto do não retorno, a caminho do total colapso ambiental e da óbvia desagregação social implicada em um quadro de sobrevivência selvagem?

Trata-se de um complexo mosaico a organizar, pela variedade, particularidade e grande quantidade de impactos inter-relacionados, cumulativos e, em inúmeros casos, provocadores de tantas outras situações de desequilíbrio e/ou danos socioambientais que nos trouxeram ao que temos no presente.

Um ponto é bem claro e por diversas vezes colocado: o São Francisco hoje é um preciso espelho de como nossa sociedade construiu, ao longo de centenas de anos, o projeto do que entende por nação, seus territórios e patrimônio natural e como tais elementos devem ser relacionados com os seres humanos brasileiros. Para quem tem a percepção do triste saldo de terras e águas detonadas, a sensação não é nada boa.

Na busca da difícil tentativa de montar esse panorama, a Canoa de Tolda e o InfoSãoFrancisco, com o apoio do InfoAmazonia e o acompanhamento da equipe de advogados do escritório Jane Tereza Advocacia e Consultoria, com a primeira campanha de varredura preparatória em todo o Baixo São Francisco, deram início ao Projeto Sobradinho +40.

Sem água suficiente, os ecossistemas aquáticos nativos sucumbem às espécies exóticas agressivas, como vegetação aquática e algas verdes. O acesso à água de qualidade para as populações está comprometido. Foto | Edson Gois Ferreira | Rede InfoSãoFrancisco

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Imagem em destaque – Na foz do rio, o Cabeço hoje é apenas imagem na memória – Foto | Edson Gois Ferreira | InfoSãoFrancisco

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