Via Redação / sexta-feira – 03 de janeiro de 2020

A fraca temporada de sementes e a urgência em garantir um pequeno avanço na  conservação da biodiversidade das caatingas do Baixo determinaram o adiantamento e a intensificação da semeadura para a produção de mudas

Na primavera sertaneja de 2019, no Baixo São Francisco, as fracas floradas apenas possibilitaram uma pequena postura de sementes da diversa flora das caatingas da região. De modo geral e algo que é muito preocupante, uma gama considerável de espécies sequer florou, provocando uma interrupção de diversos ciclos de propagação que irá, sem dúvida, comprometer a mais do que combalida biodiversidade no semiárido.

A produção de mudas no viveiro da Reserva é uma atividade diária. Cada dia conta na corrida contra o tempo quente da crise das mudanças climáticas. Foto | Canoa de Tolda

Em meio a este quadro, a prioridade na RMO – Reserva Mato da Onça foi dada ao aproveitamento imediato das sementes coletadas já com vistas aos plantios do próximo inverno – naturalmente, havendo chuvas. Ainda sem uma câmara fria para a conservação de sementes, um dos objetivos no Programa Caatingas – Meta 20135, as atividades de coleta, tempo de estocagem, semeadura e plantios e/ou escoamento de mudas deve ser extremamente coordenada.

A pequena chuva trazida pela trovoada no dia 31 e madrugada do dia 1º. motivou o  adiantamento das atividades para o primeiro dia de 2020. Esse aparente pequeno detalhe proporciona, para as manobras de gestão da água na RMO, uma economia de cerca de 15.000 litros de água em uma semana, o que é considerável para o padrão de uso da Unidade de Conservação: com o céu muito nublado nos últimos dias, as operações de bombeamento – realizadas através de um sistema de geração fotovoltaica – não estão com seu desempenho ideal e cada gota faz a diferença. A água deve ser dividida e priorizada entre as atividades do viveiro e de áreas de plantios estratégicas onde inúmeras mudas são irrigadas por gotejamento.

Se a perspectiva é, em 2035, de caminhar à sombra pelas trilhas (o Caminho dos Canoeiros, trecho da Trilha de Longo Curso Velho Chico) da Reserva, o tempo a perder é nulo.

Plantemos, plantemos muito, e também muito zelo, total zelo para com essas plantas que têm a difícil missão de salvaguarda do que sobra da biodiversidade das caatingas do Baixo São Francisco.

Em algumas semanas muitas mudas já estarão no pátio externo no derradeiro teste de adaptação às intempéries e ao sol implacável. Foto | Canoa de Tolda

♦ A Reserva Mato da Onça é uma iniciativa permanente da Canoa de Tolda.

♦ O Viveiro da Reserva faz parte do conjunto de iniciativas da permanentes da Canoa de Tolda no enfrentamento da crise das mudanças climáticas.

Imagem em destaque – Semeadura no viveiro da Reserva Mato da Onça. Foto | Canoa de Tolda

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