OPERAÇÃO DE BARRAMENTOS | VAZÕES UHE XINGÓ

via INFOSÃOFRANCISCO | sexta-feira – 27 novembro de 2020

A partir de agora é possível o acesso aos dados da principal estação fluviométrica no Baixo São Francisco e obter o conhecimento das vazões defluentes na saída da barragem de Xingó com atualizações (praticamente) instantâneas

Depois de uma longa espera, a estação fluviométrica da UHE Xingó passa a fornecer as vazões instantâneas, uma demanda antiga que chegou ao extremo da formalização de manifestação/conflito via CGU – Controladoria Geral da União, envolvendo a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, operadora da base de medição.

Na semana passada a ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (que também foi envolvida no caso em razão da Resolução Conjunta ANA/ANEEL 003/2010 que estabelece, dentro inúmeras condicionantes, a divulgação de dados hidrológicos pelos operadores de barramentos geradores de energia) fez contato comunicando a ativação da Estação Fluviométria UHE Xingó/Barramento (código 49340080) para a geração de dados de vazões.

No mapa, a localização das estações fluviométricas mais relevantes (Xingó/Barramento e Propriá) para o acompanhamento das reais vazões de entrega do São Francisco na foz.

O conhecimento da vazão exata no barramento é essencial pois a defluência mínima (que faz parte do conjunto das regras, diretrizes e restrições para a operação da UHE) está vinculada às autorizações e licenciamentos do IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, resoluções da ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, a partir de determinações de operações pelo ONS – Operador Nacional do Sistema.

Tendo o valor das vazões a qualquer momento, podem ser visualizadas as variações horárias, ao longo do dia (há ainda possibilidade de visualizações em períodos maiores), ajudando de forma significativa a exercer o essencial monitoramento cidadão das operações de Xingó, sabidamente com grandes impactos ao longo do Baixo, uma vez que seu sistema impõe às populações e ao meio ambiente, variações de grande amplitude, causando todo o tipo de transtorno.

Como explicamos em artigo de junho passado (VAZÕES DE XINGÓ: PRECISAMOS DE INFORMAÇÕES PRECISAS [a qualquer momento] ) , há muito que havia uma grande deficiência de informação quanto às vazões imediatamente na saída do barramento. A principal estação fluviométrica com dados de vazão era a de Propriá, Sergipe, não favorecendo a precisão da vazão exata na barragem, uma vez que há a possibilidade de interferências ao longo do trecho (entre Xingó e Propriá).

Acessando as informações da Estação UHE Xingó/Barramento

Passo a passo, veja abaixo como acessar a plataforma Hidro-Telemetria do SNIRH para obter os dados da Estação UHE Xingó/Barramento.

1- Acesse o Hidro-Telemetria clicando aqui (já estamos direcionando diretamente para o mapa).

A tela do Hidro-Telemetria, observando nas janela Bacias (rio São Francisco) e Estações (89340080 UHE-Xingó/Barramento)

Em seguida, acima do mapa, ative na janela Bacias, a do Rio São Francisco, o que abrirá a janela Estações.

2- Faça a rolagem das estações, descendo, até atingir a estação de código 49340080 – UHE Xingó/Barramento, clicando na mesma, que abrirá uma ficha como na tela abaixo:

A tela seguinte, com a ficha da estação UHE Xingó/Barramento aberta.

3- Na ficha da estação, ativar o ícone gerar Gráficos.

4- O gráfico básico gerado apresenta apenas o nível do reservatório da UHE Xingó. Será necessário clicar, na base do gráfico, no ícone Vazão.

5- Em seguida, a curva com as vazões horárias (podem ser configuradas para outros períodos) será gerada

Para atualizar os dados, basta atualizar a aba do seu navegador.

550 m³/s! VAZÃO MÍNIMA AUTORIZADA PELO IBAMA [ainda] EM VIGOR NO BAIXO SÃO FRANCISCO

Vamos insistir:

Sob o silêncio de todos os entes da gestão, municípios, estados e da sociedade do Baixo São Francisco, Xingó segue operando com a Autorização Especial 012/2017 que permite a vazão mínima de 550 m³/s (valor abaixo dos 1.300 m³/s estabelecidos pelo Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco).

A manutenção ad eternum da autorização, quando a ANA define e estação como normal, é um precedente danoso para com o já precário processo de licenciamento de operações de barramentos, colocando em risco, pela temerária situação, não apenas o São Francisco, mas todos os demais rios brasileiros que tenham barramentos em suas bacias.

Fontes

CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

SNIRH – Sistema Nacional de Informações Sobre os Recursos Hídricos

ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico

◊ Imagem em destaque – Composição UHE Xingó/Tela SNIRH

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