OPERAÇÃO DE BARRAMENTOS | VAZÕES NA UHE XINGÓ

REDAÇÃO via INFOSÃOFRANCISCO | segunda-feira – 12 de outubro de 2020

Em mais uma reunião (dia 06 passado) dos entes da gestão das águas do rio São Francisco, na chamada Sala de Acompanhamento do Sistema Hídrico do Rio São Francisco organizada pela ANA – Agência Nacional de Águas, a UFBA – Universidade Federal da Bahia, através do GRH – Grupo de Recursos Hídricos apresentou proposta de adoção de pulsos de vazão (picos de defluências maiores com duração previamente estabelecida) de modo a simular uma situação próxima de uma cheia natural a partir da UHE Xingó

Através da Carta Circular SOO-035/2020 de 09 de outubro, a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco divulgou novas informações sobre as vazões a serem adotas nos Sub-médio e Baixo São Francisco, a partir de determinação do ONS – Operador Nacional do Sistema.

O Baixo São Francisco afetado pelas operações da UHE Xingó. Cartografia: InfoSãoFrancisco

Veja como ficam as vazões ainda em outubro:

UHE Sobradinho – mantidas as vazões de 1.700 m³/s (hum mil e setecentos metros cúbicos por segundo – vazão média diária).

UHE Xingó – aumento para 2.000 m³/s (vazão média diária) a partir do dia 24 próximo com a possibilidade de novo patamar de 2.500 m³/s.

Os valores das vazões defluentes em Xingó estão dentro do padrão das vazões anteriores a 2013 seguindo o estabelecido com a construção de Sobradinho, que regularizou o Baixo São Francisco na faixa de 2.060 m³/s.

Veja abaixo o comunicado da CHESF na íntegra

Acervo CanoaDocs. Fonte: CHESF

A desinformação a serviço do apagamento da memória do rio menos ruim

É recorrente, sobretudo mais recentemente com a expansão das mídias sociais e em meio a um quadro temporal de sete anos de penúria, sem água, que a cada aumento da vazão no Baixo São Francisco ocorra a disseminação de notícias falsas, enganosas, além de nocivas para a memória do panorama socioambiental na região.

A qualquer comunicado de uma melhoria na vazão (que até não muito tempo estava abaixo dos 1.300 m³/s , vazão mínima estabelecida pelo Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco), a boataria virtual de que “muita água vem por aí”, o rio “botou uma água”, a “cheia deixou os barracos, tudo debaixo d’água” se alastra e fomenta olhares incapazes da observação crítica da realidade: a partir do desconhecimento e desinformação, a falsa percepção do rio com “muita água” vai sendo sedimentada.

Nada melhor para o setor elétrico e seu sistema de gestão das águas do São Francisco.

550 m³/s! VAZÃO MÍNIMA AUTORIZADA PELO IBAMA [ainda] EM VIGOR NO BAIXO SÃO FRANCISCO

Vamos insistir:

Sob o silêncio de todos os entes da gestão, municípios, estados e da sociedade do Baixo São Francisco, Xingó segue operando com a Autorização Especial 012/2017 que permite a vazão mínima de 550 m³/s (valor abaixo dos 1.300 m³/s estabelecidos pelo Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco).

A manutenção ad eternum da autorização, quando a ANA define e estação como normal, é um precedente danoso para com o já precário processo de licenciamento de operações de barramentos, colocando em risco, pela temerária situação, não apenas o São Francisco, mas todos os demais rios brasileiros que tenham barramentos em suas bacias.

◊ Imagem em destaque – A UHE Xingó. Foto: G1

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