BACIA DO SÃO FRANCISCO | BARRAMENTOS
REDAÇÃO | terça-feira – 16 de junho de 2020
A aceleração do processo para a construção da UHE Formoso no rio São Francisco deixa exposta a precariedade da construção de um futuro razoável e mantém atualizado manifesto divulgado, em 2019, na França, sobre a “venda” de projetos de barragens como perfeitamente adequados ao enfrentamento do desastre da crise climática
Os tempos atuais não estão para rio, para peixe, para o patrimônio natural e, consequentemente, [haveria dúvidas?] para o futuro do ser humano.
A aceleração do processo formal para a construção da UHE Formoso no rio São Francisco deixa exposta a precariedade da proteção do patrimônio natural, vulnerável não só a um sistema de licenciamento predatório [e favorece situações como a que se desenha], mas também ao pouco interesse que a sociedade brasileira vê na conservação do meio ambiente.
Na base da tentativa de empurrar mais essa inconcebível intervenção no São Francisco, a falsa ideologia dos “benefícios e da energia limpa e verde” que serão produzidos pela barragem. Conversa velha de dezenas e dezenas de anos, que nos leva à perfeitamente atual declaração As Falsas Promessas das Barragens, de maio de 2019.
As Falsas Promessas das Barragens foi documento elaborado e assinado por mais de 250 entidades e organizações, de 70 paises, durante o Congresso Mundial de Hidroeletricidade realizado em Paris, evento realizado pela IHA – International Hidropower Association (Associação Internacional de Hidroeletriciade). O congresso contou com com o apoio da UNESCO e teve como título inspirador o lema “Cumprindo o Acordo Climático de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”
A intenção maior do encontro, seria a legitimação do princípio de que as barragens seriam uma solução para o enfrentamento da crise climática, em conformidade com os objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos pela ONU – Organização das Nações Unidas.
A tentativa da sagração de falsas soluções para o enfrentamento da crise climática e uma suposta adoção de processos de desenvolvimento sustentável provocou reação em escala mundial alertando para o avanço de tais projetos.
Segundo a AIDA – Associación International de Derecho Ambiental, “tais retratos brilhantes de projetos de barragens hidrelétricas – com pretenções de captar incentivos financeiros através de mecanismos como Climate Bonds e do Fundo Verde para o Clima – convenientemente ignoram um longo legado de catástrofes sociais e ambientas, desperdícios econômicos e, muitas vezes, esquemas maciços de corrupção que são a antítese do desenvolvimento verdadeiramente sustentável.”
Veja abaixo o documento As Falsas Promessas das Barragens
Fontes
AIDA – Associación International de Derecho Ambiental
FONASC.CBH – Forum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacia Hidrográfica
Imagem em destaque – As Falsas Promessas das Barragens. Divulgação
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