REDAÇÃO – sábado – 04 de abril de 2020

SEGURANÇA DE BARRAGENS

Ocorrência de fissuras na barragem Ipanema I, em Águas Belas, PE, o governo do estado declara Início de Emergência pelo risco de rompimento e alagamento dos trechos a jusante com incremento das vazões do rio Ipanema

O governo de Pernambuco, através de sua Secretaria Executiva de Recursos Hídricos, declarou ontem (03), Início de Emergência em razão da situação da barragem Ipanema I, em Águas Belas, no alto sertão (bacia do rio Ipanema). Foi verificada uma fissura no barramento e, com a permanência do quadro de chuvas fortes na região, há risco de rompimento.

A situação vem se somar ao quadro das recentes cheias do rio Ipanema, no final de março, quando a cidade de Santana do Ipanema, no alto sertão alagoano, foi fortemente impactada pelo aumento da vazão.

O estado de Alagoas, através da SEMARH – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos vem acompanhando com mais atenção os quadros hidrológico e meteorológico na bacia do rio Ipanema.

Segundo monitoramento realizado pela Sala de Alerta, entre os dias 29 e 30 de março, choveu 70 milímetros em Santana do Ipanema. Mais que o esperado para todo o mês de março na região. Além disso, o rompimento de uma barragem (na semana anterior) em Pernambuco fez com que o nível do Rio Ipanema subisse dois metros acima da cota de transbordamento.

A média climatológica para todo o mês era de 65 milímetros, mas já foi registrando mais de 500 milímetros de chuvas na região. O aviso meteorológico emitido no último domingo (29) segue vigente e a instabilidade sobre o Oceano Atlântico continua podendo causar chuvas de intensidade moderada com algumas pancadas intensas, incidências de raios e acumulados significativos em todas as regiões alagoanas.

Veja abaixo o decreto na íntegra (o documento é composto por duas páginas – a segunda página apresenta assinatura eletrônica da Secretária Executiva)

Governo de Pernambuco

Cheia em Santana do Ipanema é a maior desde 1980

CPRM – Serviço Geológico do Brasil apresentou (dia 1o. de abril) os dados da medição da cheia na bacia do Rio Ipanema no município de Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas, com informações sobre os níveis máximos alcançados desde 1980. Realizado pela Superintendência Regional da CPRM em Recife, o monitoramento aponta que a cheia de 2020 do Ipanema alcançou o nível de 10,40 metros no último dia 30 de março, com registro de inundação, e é o maior da série histórica em 40 anos de acompanhamento.

De acordo com os dados, os números maiores anteriores a 2020 foram registrados em 2004 (7 m), em 1981 (6,5 m), em 1984 (6,48 m), em 1982 (6,17 m) e em 1992 (5,2 m). As equipes técnicas responsáveis por este monitoramento estão em campo, em Santana do Ipanema, desde a última semana. A campanha de medição busca gerar dados hidrológicos fidedignos e faz parte dos objetivos da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN) operada pela CPRM, sob a coordenação da Agência Nacional de Águas (ANA). O mesmo trabalho está sendo realizado nos municípios de União dos Palmares e Murici, localizados na Bacia do rio Mundaú, onde a CPRM opera um Sistema de Alerta Hidrológico. Nestas estações a campanha de campo também serviu para realizar a manutenção dos equipamentos.

Dados – CPRM

Além de Santana do Ipanema, as equipes atuam também na medição do Rio Pajeú, em Pernambuco. Nas duas localidades, as cheias tiveram início após intensas precipitações registradas desde o dia 21 de março e as inundações atingiram principalmente as cidades de Serra Talhada (PE), Flores (PE) e Santana do Ipanema (AL). A medição das cotas e das vazões dos rios Pajeú e Ipanema acontecem nas estações fluviométricas da RHN localizadas em Floresta (PE), Flores (PE), Serra Talhada (PE), Açude Serrinha (PE), Batalha (AL) e Santana do Ipanema (AL).

“Localizados no semiárido, os rios Pajeú e Ipanema ficam secos durante a maior parte do tempo e no momento, com as fortes chuvas região, estão com vazões elevadas, sendo um momento ímpar para as equipes de hidrologia levantar dados de vazão nas estações hidrológicas instaladas na bacia”, explicou o engenheiro hidrólogo Fábio Araújo da Casta, da Superintendência Regional da CPRM em Recife.

A medição em campo está em conformidade com o Decreto Presidencial 10.282/2020, que define as atividades de levantamento e análise de dados geológicos para garantir a segurança coletiva, notadamente por meio de alerta de riscos naturais e de cheias e inundações, como atividades essenciais e ininterruptas durante as ações de combate ao novo coronavírus no Brasil.

Fontes

Governo de Pernambuco

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

Imagem em destaque – Documento acervo Canoa de Tolda – Governo de Pernambuco

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