Redação / quarta-feira – 13 de novembro de 2019

Lote inicial abre a produção intensiva regular de mudas de espécies do semiárido do Baixo São Francisco no viveiro da Reserva Mato da Onça

O pátio externo do Viveiro da Reserva começou a ficar verde novamente na tarde de hoje (13) com o vai e vem dos carrinhos cheios de mudas organizadas em carreiras.

Com o primeiro lote de mudas de pau ferro e embuzeiro retirado da área coberta e acomodado na área de adaptação foi iniciado o primeiro ciclo de produção integral (todos os processos, a partir do trato de sementes, semeadura, germinação, crescimento inicial) nas instalações definitivas. Antes da unidade atual, as mudas eram produzidas, com grande dificuldade, no Sítio Barra do Riacho, anexo da RMO – Reserva Mato da Onça.

Na área de germinação e crescimento inicial, as mudas pioneiras do primeiro ciclo são embarcadas para a área de adaptação. Foto | Canoa de Tolda

Na zona de adaptação as mudas ficarão expostas ao tempo para sua adaptação às condições que serão encontradas nos locais de plantio. Algumas não resistirão, o que é normal e esperado, situação que faz parte do processo seletivo de controle natural da qualidade das plantas.

A estrutura atual do Viveiro da Reserva permite a produção de cerca de 30.000 mudas por ciclo, quantidade que é diretamente ligada à disponibilidade de água para a irrigação além dos recursos humanos para a atividade.

Na área de adaptação, expostas ao tempo, o teste final para as mudas, até estarem prontas para os plantios. Foto | Canoa de Tolda

Uma das metas estabelecidas para o viveiro é seu gradativo aumento de capacidade de produção para que atingir cerca de 100.000 mudas por ciclo. Número significativo para uma unidade de pequeno porte, porém mínimo para as reais necessidades das detonadas caatingas do Baixo São Francisco.

A produção de mudas para reflorestamento e recuperação de áreas degradas, uma atividade totalmente prioritária (há extrema carência de mudas de semiárido com tendência ao agravamento, pelo avanço da desertificação que elimina as potenciais matrizes) sobretudo pelo fato de estarmos em quadro de crise climática, pode ser uma interessante possibilidade de geração de renda.

Lamentavelmente, a instalação de viveiros florestais organizados e produtivos não é devidamente incentivada, sendo que ainda é vista como algo secundário no processo de recuperação ambiental. Uma visão equivocada que pode significar o desperdício de precioso tempo, irrecuperável, para a corrida contra o avanço da desertificação do semiárido e do acelerado aumento da temperatura.

♦ A Reserva Mato da Onça é uma iniciativa permanente da Canoa de Tolda

♦ As atividades de plantio de mudas nativas e implantação do viveiro de mudas florestais na Reserva Mato da Onça contam com o suporte do Projeto Opará – Águas do Rio São Francisco (cooperação da Canoa de Tolda com a UFS – Universidade Federal de Sergipe, através do Programa Petrobras Socioambiental)

Imagem em destaque – A retirada das mudas da área de germinação e crescimento inicial do Viveiro da Reserva. Foto | Canoa de Tolda

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