Redação / segunda-feira – 04 de novembro de 2019
O bom senso prevaleceu na reunião da ANA – Agência Nacional de Águas de hoje, 4 de novembro: foi negociada e acordada operação dos barramentos para possibilitar a movimentação da canoa Luzitânia para local seguro onde terá sua manutenção garantida
Na reunião de hoje, 4 de novembro, de acompanhamento das condições de operação do Sistema Hídrico do Rio São Francisco, organizada pela ANA – Agência Nacional de Águas, foi ponto de pauta a solicitação da Canoa de Tolda com o suporte do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional de incremento de vazão para a movimentação da canoa Luzitânia.
A manobra tem com objetivo a instalação da embarcação histórica (tombada pelo IPHAN) em local seguro da zona de interferência do espelho d’água variável em função das diferentes vazões praticadas. Desta forma poderá ser realizada importante manutenção para a conservação da canoa.
A reunião contou com diversos participantes de órgãos relacionados à gestão das águas do rio São Francisco, usuários (irrigantes, mineração, setor elétrico, dentre outros) e sociedade civil, no caso da Canoa de Tolda.
Apesar das particularidades da operação, que significará a operação de diversas máquinas na UHE Xingó, foi praticamente consenso a aprovação da demanda o que, sem dúvida é positivo.
Há que ser registrada uma intervenção peculiar do representante do MME – Ministério das Minas e Energia, que chegou a citar algo como “os cidadãos brasileiros não podem arcar com os custos e o uso de tal quantidade de água para movimentar uma embarcação…”
Tivemos que lembrar ao representante do órgão que a situação é bem outra, posto que a população do Baixo São Francisco, há cerca de quarenta anos (a partir da regularização do rio com a operação de Sobradinho em 1979/80) está, sim suportando 0 enorme passivo socioambiental dos barramentos. Indo um pouco além, explicamos que a “embarcação” chama-se canoa Luzitânia, herdeira de uma linhagem do Patrimônio Naval não apenas relacionado à bacia do São Francisco, sendo o derradeiro objeto móvel, navegante, que vincula o rio livre anterior aos barramentos e ao que nos resta no presente.
Foi alertado, ainda, que a citada “grande quantidade de água”, algo em torno de 2500 m³/s não tem absolutamente nada de próximo a uma enchente. A faixa de 2000 m³/s é o patamar das vazões regularizadas normais, anteriores aos períodos da crise de 2013. Explicamos a péssima tendência da mídia em criar alarmismo a cada pico desta ordem, criando desinformação para a sociedade em geral que acolhe, sem maiores análises críticas, o conceito de que estariam ocorrendo enchentes e calamidades decorrentes.
Completamos essa pequena situação convidando representantes do MME ao Baixo para melhor entendimento da “outra ponta” do sistema que gera a energia que é exportada para promover conforto para inúmeras populações tão distantes.
Nos próximos dias, a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco e a Canoa de Tolda estarão em contato para a discussão dos detalhes para a realização da manobra.
♦ A conservação da canoa Luzitânia é uma iniciativa permanente da Canoa de Tolda.
Imagem em destaque – A Luzitânia navegando ao largo da Reserva Mato da Onça. Foto | Canoa de Tolda
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