A Redação – Rede InfoSãoFrancisco
Sexta feira – 26 de abril de 2019
O avanço da desertificação dos semiáridos no Baixo São Francisco dificultará, cada vez mais, a obtenção de sementes para a produção de mudas destinadas ao restauro da caatingas. Na Reserva Mato da Onça, tenta-se a garantia de uma parcela do DNA deste rico patrimônio natural.
A temporada maior de plantios de mudas nativas para restauro de caatingas na RMO – Reserva Mato da Onça tem seu ritmo gradualmente intensificado.Aproveitando uma queda de temperatura ao final do dia, e noites mais frescas (além do auxílio do sistema de irrigação por gotejamento instalado em faixa ripária ao longo do sopé face sul da serra da UC – Unidade de Conservação) foi feita seleção de mudas pioneiras, de crescimento mais rápido, com maior resistência e maior possibilidade de pega.
O objetivo, com os plantios nesta faixa, é o estoque de água no contorno da serra, o que possibilitará, no futuro, a subida gradual de vegetação (regeneração natural, induzida ou ainda novos plantios localizados).
Com o avanço da desertificação nos semiáridos de Alagoas e Sergipe, a cada ano vão diminuindo as matas com diversidade suficiente para a garantia de boas matrizes e, portanto, estoque de sementes para a garantia de DNA específico do Baixo São Francisco.
Trata-se de uma situação crítica, lamentavelmente ignorada pelos estados, municípios, gestores de territórios da bacia, que não percebem que, a cada dia de atraso com a revitalização de praticamente TODAS as bacias hidrográficas do Brasil – posto que as bacias não são ecossistemas e territórios isolados, naturalmente – mais difícil ou impossível serão quaisquer tentativas no futuro.
No caso da RMO, com seu projeto Caatingas – Meta 2035, está sendo buscada, de forma emergencial, a proteção de matrizes de semiárido dentro de sua poligonal, de modo seguro, para a manutenção de banco de sementes para a produção de mudas. Até 2030 uma das metas da iniciativa é o plantio de cerca de 200.000 mudas no interior da UC.
As ações de plantios na Reserva Mato da Onça têm o apoio do Projeto Opará – Águas do Rio São Francisco, iniciativa fruto de convênio da Canoa de Tolda com a UFS – Universidade Federal de Sergipe, com recursos do edital Petrobras Socioambiental.
Imagem do topo – No Bebedô, na Reserva Mato da Onça, as atividades de restauro de caatingas – Imagem | Canoa de Tolda
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