Os bancos de plantas aquáticas exóticas invasoras e algas verdes (que utilizam as primeiras como suporte para sua fixação) aceleraram sua expansão em todo o Baixo São Francisco no quente ano de 2018 e neste verão 2018/19, situação já apontada quando do início das regularizações com vazões abaixo do mínimo estabelecido pelo Plano de Bacia (1.300 m³/s – mil e trezentos metros cúbicos por segundo) desde o início de 2013.
A pouca água deixada pelos donos das torneiras é inadequada para o consumo. Imagem | Canoa de Tolda
Sem quaisquer providências efetivas dos órgãos gestores e/ou diretamente relacionados com as águas do São Francisco – incluindo operadores do sistemas energético e dos dos barramentos e, principalmente, o órgão licenciador, o IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, que reedita, desde 2013, as autorizações provisórias de operações dos barramentos a jusante de Sobradinho abaixo do mínimo estabelecido pelo Plano de Bacia – a invasão das plantas aquáticas invasoras e algas verdes se configura como mais um elemento da aniquilação da biota do Baixo São Francisco além de dificultar acesso à água de qualidade para as populações difusas do trecho a jusante da barragem de Xingó. Os estados de Alagoas e Sergipe, além dos municípios ribeirinhos também permanecem inertes quando ao caso. Nenhuma reação relacionada ao problema (que não é recente) que é de extrema gravidade.
Os bancos de massa vegetal e algal formam espessas massas ao longo das margens (chegando cerca de mais de cem metros de largura em diversos pontos), aflorando e apodrecendo com a
exposição ao sol. É uma zona morta, onde a ocorrência da ictiofauna é rarefeita. Também na zona próxima ao eixo da calha completamente assoreada, onde deveria haver o chamado canal fluvial, profundo, os “campos” de elodeas (elodea canadensis) dominam o fundo do rio, no aguardo de situação que promova seu afloramento.
A gravíssima situação, que afeta o direito básico de milhares de pessoas de acesso à água tanto para uso humano geral como para consumo, desfigura a paisagem, compromete a navegação difusa a partir das localidades, sítios e povoados. Com as margens transformadas em um brejo apodrecido, mal cheiroso, as pessoas vão tomando distância do milenar convívio
com o rio São Francisco.
A questão das macrófitas e algas verdes gerou uma ACP – Ação Civil Pública, provocada por esta entidade onde são réus a ANA – Agência Nacional de Águas, a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco e o IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
O leito do rio está sendo completamente ocupado pela vegetação invasora, como as elodeas na imagem, comprometendo o pouco que resta de biodiversidade. Imagem | Canoa de Tolda
A regularização do Baixo São Francisco, desde 1979-80 com o início das operações de Sobradinho, a cada dia tem seu passivo socioambiental acumulado, consolidado e criando as perspectiva de um futuro no qual este curso d’água deixe de ser considerado, efetivamente, como um rio – vivo.
Veja ainda
Informativo Pelas Carreiras 016/2016
Informativo A Margem Nov/Dez-2009
ACP (pro. 0800279-14.2016.05.8504) –
A redação
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