A Redação

Com a possibilidade – até o momento, não confirmada pela CHESF – de aumento de vazão da UHE Xingó a partir de 1º. de outubro, estão sendo realizadas intervenções preventivas e em caráter de emergência de modo a garantir que a embarcação histórica permaneça flutuando.

 

Tendo como referência as informações obtidas pelo InfoSãoFrancisco sobre as previsões de padrões de operação de barramentos (aumento de vazões da UHE Xingó para 2.500 m³/s – dois mil e quinhentos metros cúbicos por segundo) para o próximo mês de outubro, a Sociedade Canoa de Tolda, emergencialmente, está realizando reparos provisórios na canoa Luzitânia.

Corrida contra o tempo. Garantindo a flutuabilidade da Luzitânia. Foto: Carlos E. Ribeiro Jr. / InfoSãoFrancisco.

As ações emergenciais têm como objetivo a manutenção da flutuabilidade da embarcação. Como noticiado, desde 2019 que a tradicional embarcação histórica, tombada pelo IPHAN – Instituto Brasileiro do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, está em terra na RPPN Mato da Onça para a realização de grandes manutenções.

O local onde a canoa se encontra está dentro da zona de inundação do rio São Francisco, acima da cota de vazões de 2.200 m³/s. Com a perspectiva de vazões acima desse valor, a canoa Luzitânia deverá flutuar acima dos calços onde está apoiada.

No entanto, o estado atual da embarcação gera preocupação: sem sucesso na obtenção dos recursos necessários as ações de conservação da Luzitânia, a Sociedade Canoa de Tolda foi obrigada a paralisar os trabalhos. Enfrentando altas temperaturas locais (e significativas variações entre máximas diurnas e mínimas noturnas), ainda que protegida por coberturas brancas para a diminuição da temperatura na estrutura, a Luzitânia teve várias de suas colagens no casco fraturadas com as variações dimensionais da madeira, o que permite a passagem da água.

A solução do problema é a reabertura das colagens (ver vídeo abaixo) para que seja feita nova aplicação de adesivo que mantenha o casco estanque.

Analisando o panorama do segmento da cultura no Brasil, não é irresponsável imaginar que um bem como a canoa de tolda Luzitânia receberá tratamento preferencial – ainda que em situação de grande vulnerabilidade e sendo o único exemplar tombado da mais tradicional embarcação cargueira do Velho Chico – quando museus e acervos públicos queimam ou permanecem em abandono.

A canoa Luzitânia. Foto: Nilton Souza.

Portanto, a prioridade neste momento para a Sociedade Canoa de Tolda é a conservação da canoa Luzitânia, em local de estocagem apropriado – fechado, protegido das intempéries e vandalismo – até que sejam possíveis as necessárias intervenções de conservação, incluindo inúmeros reparos.
O retorno às navegações no Baixo São Francisco, infelizmente, passa a ser algo secundário e sem qualquer prazo estabelecido.

◊ Imagem em destaque – A canoa Luzitânia na RPPN Mato da Onça. Foto: Carlos E. Ribeiro Jr./InfoSãoFrancisco.

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