A Redação | Rede InfoSãoFrancisco
Segunda feira – 15 de abril de 2019
Nos dias 13 e 14 passados, sábado e domingo, respectivamente, a CHESF reduziu de forma ainda mais significativa a vazão a jusante de Xingó provocando, além de maior dificuldade de captação de água para uso geral pelas populações difusas (aquelas espalhadas pelas margens ao longo do Baixo São Francisco e que, de regra, não estão incluídas nas estatísticas de monitoramentos de qualidade e quantidade de água disponíveis, por exemplo), mais um encalhe da canoa Luzitânia que se encontrava em novo local de fundeio, denotando como são afetadas as navegações.
A embarcação histórica recentemente passou mais de mês encalhada no leito secado do rio, ( em seu local de ancoragem, defronte à Reserva Mato da Onça ) por força de operações de reduções da vazão sem que houvesse comunicação adequada por parte da empresa operadora dos barramentos ( ação prevista na Resolução ANA Nº 1.291, de 17 de julho de 2017, por exemplo e demais condicionantes para o funcionamento do sistema). A canoa voltou a flutuar, com aumento da vazão verificado no dia 19 de março e novamente fundeada em ponto mais profundo, em direção ao eixo da calha.
Deve ser citado que a redução das vazões nos finais de semana não é algo novo. É formato operacional recorrente, de anos, autorizado pela ANA – Agência Nacional de Águas através de resoluções que vão estendendo o modelo de operações, com licenciamentos emitidos pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis também renovados, modelo de operação onde a questão ambiental e o significado do que de fato é um rio não carecem de atenção.
Na zona limite do espelho d’água e o leito secado do rio (atenção: a zona seca contígua à zona úmida não pode ser considerada como linha ripária, posto que é o leito seco do rio, hoje invadido por vegetação de transição invasora, sobretudo exótica) , a cada final de semana, ocorre o aumento do depósito de algas e vegetação morta, junto às quais, moluscos diversos igualmente mortos e em decomposição, o que vai de encontro aos relatórios mais recentes da CHESF (veja o 59º. Relatório Versão ANA e o 59. Relatório Versão IBAMA), posição que pode ser verificada já desde o Relatório no. 01 de junho de 2013. (nota: sugerimos a comparação entre os relatórios iniciais e os atuais, com menos de dez páginas para expor o quadro a jusante de Sobradinho).
Passados seis anos de vazões abaixo de 1.300 m³/s (valor mínimo determinado pelo Plano de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco) a CHESF permanece mantendo a linha de análise a partir da observação de que “não houve registro de novos problemas de maior criticidade”.
Seguindo a postura do órgão operador, a questão do acesso à água potável, como apresentado em nossa matéria Água de Beber: algo escasso, difícil é coisa miúda, assim como as miúdas vidas espalhadas pelas margens, que encaram, a pulso, um duro cotidiano: sem criticidade.
Imagem do topo – A reincidência dos encalhes da Luzitânia (13, 14 e 15 de abril de 2019) – Canoa de Tolda
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