Desde o início da atuação da Sociedade Canoa de Tolda no Baixo São Francisco, que vem sendo realizado o registro fotográfico da vida ao longo das margens e da zona costeira da região.

A partir de então, foi montado acervo que, atualmente, é composto por cerca de oitenta mil imagens produzidas unicamente pela Canoa de Tolda. A essa coletânea temos ainda inúmeras fotografias cedidas por colaboradores, parceiros ou ainda adquiridas em outras fontes.

Como referência aos vinte anos da Canoa de Tolda em seu movimento completados em 2018, passaremos a publicar uma série de matérias com seleção das imagens mais significativas desde os idos de 1997.

Algumas imagens mais antigas foram produzidas a partir de fotografias em suporte analógico e não tiveram, na época, digitalização adequada, comprometendo a qualidade do registro.. Esse material está em processo de recuperação.

A Redação

Publicado em 2 de dezembro 2018

1997

No Cabeço, ilha do Arambipe, em Brejo Grande, SE, em maio de 1997. Inicio do avanço do mar sobre o povoado, que foi varrido do mapa. Canoa de Tolda, 1997.

Imagem | Canoa de Tolda

A conhecida chata Sãobraense, do finado Zezé Braúna, do Saco dos Medeiros, em Traipu, AL, armando os panos no porto dos Escuriais, Nsa. Sra. de Lourdes, SE, onde está a lancha Luz do Dia, do finado canoeiro Tonho Carmelo. Canoa de Tolda, 1997.

Imagem | Canoa de Tolda

A peleja diária das mulheres começa cedo, ainda meninas, como as da imagem, no povoado Ilha do Ouro. Canoa de Tolda, 1997.

Nota: algumas imagens não têm qualidade ideal por questões de recuperação de negativos em situação precária.

Imagem | Canoa de Tolda

O povoado Escurial (ou Escurais, na fala da margem) em Nossa Sra de Lourdes, vinte anos atrás ainda era um local mais isolado. Outrora porto de grandes canoas, como a Vênus, de Valdemar de Ramiro, a Oriente, de Oliveira, dentre tantas. Canoa de Tolda, 1997.

Imagem | Canoa de Tolda

Em 1997 o mar acelerava o processo de avanço sobre a linha do litoral sergipano na foz do São Francisco. É o inicio do fim do povoado Cabeço, na ilha do Arambipe. Canoa de Tolda - 1997.

Imagem | Canoa de Tolda

No Cabeço, a pequena comunidade vivia essencialmente da pesca no rio, no mar e de coleta de mariscos nos extensos manguezais da Parapuca. Canoa de Tolda - 1997.

Imagem | Canoa de Tolda

Na manhã do Munguengue, povoado de Traipu nos limites com São Brás, AL, a hora do banho matinal. Uma rotina diária ribeirinha que também desaparece com a urbanização das margens, transformadas em "orlas" e pela queda da qualidade das águas do São Francisco. Canoa de Tolda - 1997.

Imagem | Canoa de Tolda

Em Entremontes, povoao de Piranhas, o cemitèrio no alto da caatinga, na estiagem de 1997/2000. Canoa de Tolda - 1997.

 

Imagem | Canoa de Tolda

A bordo da lancha do finado mestre Evilardo (que foi piloto das lanchas Tupâ, Tupy e Tupigy), navegando de Entremontes a Piranhas, pelas pedras. Canoa de Tolda - 1997.

Imagem | Canoa de Tolda

1998

Em 1998, o Mato da Onça, sem energia, sem estradas de acesso, era um local isolado, como diversos povoados no entorno (Pantaleão, Marizeiro, Mata Comprida...). Aqui começou a história da Canoa de Tolda, em 1997. Canoa de Tolda - 1998.

Imagem | Canoa de Tolda

As comunicações entre o Mato da Onça e Pão de Açúcar, sede do município, cerca de 20 km de rio abaixo, se davam, sobretudo, pelas lanchas que faziam a linha (com maior movimento nos dias de feira, segundas) até Pão de Açúcar, e a lancha de Seu Erasmo, de Entremontes, que descia, também às segundas. Canoa de Tolda - 1998.

Imagem | Canoa de Tolda

Em 1998, na comunidade indígena Xocó, da Ilha de São Pedro, Porto da Folha, SE, Damiana, Dona Dadinha e Dona Evalda eram as últimas loiceiras que mantinham a arte das panelas de barro. Eram vendidas na feira de Pão de Açúcar. Hoje, uma atividade extinta, sendo que Damiana voltou a fazer, de forma esporádica, algumas peças. Canoa de Tolda - 1998.

Imagem | Canoa de Tolda

Nas tardes, da Ilha, a criançada brincava, corria, até a boca da noite, no quadrado do povoado. Não havia energia elétrica e tinha a correria para os banhos de rio, no lusco fusco, antes da hora do café e as conversas no pardo sob as árvores, nas áreas. Algumas músicas ao longe, umas poucas TVs nas novelas, e os tempos corriam calmos. 

Imagem | Canoa de Tolda

Enquanto isso, na pancada do mar, na boca do rio, o mar se encarregava da varrida final do povoado Cabeço, na ilha do Arambipe, na banda sergipana do rio. Às pessoas, varridas suas vidas, memórias, os restos dos ancestrais, no submerso cemitério, dissolvido pelas ondas, caberia o prêmio de um pedaço de chão em terra firme sem qualquer possibilidade de uma vida como antes. O sistema, como hoje vemos, aguardaria friamente o apagamento das memórias, base de alguma eventual reivindicação de compensações. Que nunca seriam ou serão pagas.

Imagem | Canoa de Tolda

Do alto do imperial farol, antes sentinela dos homens do mar - agora espantalho morto dos fantasmas de uma brutal inconsequência do saque ao patrimônio natural e às vidas das pessoas, as carcaças do terminal Cabeço, que nunca descansará em paz. Varrido, lambido, hoje, tantos anos depois, esquecido. 

Imagem | Canoa de Tolda