Da primeira e marcante visão da canoa Luzitânia em dezembro de 1997, são vinte essenciais anos de convivência com a embarcação símbolo do Patrimônio Naval do Baixo São Francisco.
Têm início a fase de conclusão das obras de recuperação da Luzitânia. Com o casco finalizado, são preparados os componentes que possibilitarão a montagem completa da embarcação: ferragens, mastreação, velas, equipamentos diversos.
Nota – nesta edição, fazemos um retorno ao início de 2004 com imagens inéditas em preto e branco da situação do estaleiro da Luzitânia no Mato da Onça. As fotos foram produzidas logo após a segunda inundação do local, na fase da redução da vazão da barragem de Xingó.
Carlos Eduardo Ribeiro Junior – org. / Daiane Fausto dos Santos – org. e tratamento imagens
Publicado em 08 de julho de 2019
Com a baixa do rio, a canoa, nas três vezes em que ficaria naufragada, foi invadida por lama, areia. Material que penetrando em todas as frestas, fendas, tomaria considerável tempo para remoção e limpeza de modo a não comprometer colagens, impregnações e a conservação da embarcação.
Imagem | Canoa de Tolda
2006
Com a proximidade da conclusão da reconstrução do casco da Luzitânia, Seu Lula (Aloisio Chagas), em Piaçabuçu, o derradeiro grande ferreiro/artista de fogo (trabalhava com forja) foi engajado na manufatura das ferragens. Era essencial que fossem realizadas com a mesma técnica centenária utilizada no início do século vinte, quando a Luzitânia nasceu. Nota: Mestre Lula faleceu há algumas semanas sem ter deixado, em todo o Baixo São Francisco, qualquer seguidor de suas formidáveis arte e técnicas. Com ele, se extinguiu a ferramentaria naval tradicional do Baixo. Para nós, foi uma honra o convívio, o aprendizado e a oportunidade ter termos a participação do mestre no restauro da Luzitânia.
Imagem | Canoa de Tolda
Desde o início da atuação da Sociedade Canoa de Tolda no Baixo São Francisco, estamos realizando o registro fotográfico da vida ao longo das margens e da zona costeira da região. A partir de então, foi montado acervo que, atualmente, é composto por cerca de oitenta mil imagens produzidas unicamente pela Canoa de Tolda. A essa coletânea temos ainda inúmeras fotografias cedidas por colaboradores, parceiros ou ainda adquiridas em outras fontes.
Naturalmente, pela sua importância natural, não só para nós, mas para o patrimônio cultural do Baixo São Francisco (na categoria específica do patrimônio naval), a canoa Luzitânia, desde sua aquisição, vem sendo intensamente objeto de captação de imagens. O acervo produzido, desde sua aquisição até o presente, nos permite, nos mais de vinte anos de convivência com a velha Luzitânia, a publicação destas matérias com seleção das imagens mais significativas desde os idos de 1997.
Nota – Algumas imagens mais antigas foram produzidas a partir de fotografias em suporte analógico, inclusive com problemas de revelação e ampliação e não tiveram, na época, digitalização adequada, comprometendo a qualidade do registro. Tais condições não ideais são particularmente observadas em fotografias em preto e branco, pelo fato de que, em Sergipe, na época das captações, o processamento do material não era facilmente realizado.
Ainda assim, optamos em apresentar as imagens, pelo valor documental sobre como se vive (ou vivia) ao longo do Baixo São Francisco.
Esse material, assim como todo o acervo de imagens da Canoa de Tolda, está em processo de recuperação, onde negativos e fotografias em suporte de papel estão sendo novamente escaneados, classificados e organizados para posterior disponibilização ao público.
Imagem em destaque no topo – No inicio de 2006, a obra de reparos está concluída. Têm início os trabalhos de acabamento e pintura final da Luzitânia. Imagem | Canoa de Tolda.