O baixo São Francisco tinha origem na cachoeira de Paulo Afonso, indo até a foz do rio. Com o enchimento do lago da hidrelétrica de Xingó, em 1994, os habitantes da região passaram a considerar baixo São Francisco o trecho a jusante desta barragem, na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas. A barragem tornou o rio intransponível como via de navegação, fazendo com que a área alagada fosse “varrida” do mapa imaginário das populações ribeirinhas.
A margem sergipana abarca os municípios de Brejo Grande, Ilha das Flores, Neópolis, Santana do São Francisco, Telha, Propriá, Amparo do São Francisco, Canhoba, Nossa Senhora de Lourdes, Gararu, Porto da Folha, Poço Redondo e Canindé do São Francisco.
No lado alagoano são banhados pelo São Francisco os municípios de Piaçabuçu, Penedo, Porto Real do Colégio, São Brás, Traipu, Belomonte, Pão de Açúcar e Piranhas. Os municípios de Olho d’Água do Casado e Delmiro Gouveia, na margem alagoana, foram parcialmente inundados pelo lago da barragem de Xingó, situando-se a montante da mesma.
Esta divisão, elaborada para fins didáticos e geo-políticos, se guia por parâmetros mais gerais por situar-se em uma escala macro. No interior do próprio baixo São Francisco são possíveis subdivisões geo-ambientais, visíveis para quem percorre a região pelo rio.
Pode-se destacar a área que vai da foz às proximidades de Traipu, com dominantes morfogenéticas sedimentares, extensos tabuleiros areníticos e cotas de relevo que se aproximam de zero, com clima mais úmido. Neste trecho o rio é mais sinuoso e corre mais lento, formando numerosas ilhas fluviais e “croas”. Este processo é intensificado pela diminuição da média anual e regularização da vazão do rio, após a construção das barragens.
Entre Traipu e Pão de Açúcar pode-se notar uma elevação das cotas de desnível altimétrico, com encostas mais pronunciadas nas colinas que começam a surgir na paisagem, com elevações que podem se aproximar de 200 metros, como na Serra da Tabanga, município de Gararu – SE. Esta mudança coincide com o início da prevalência de clima semi-árido, com vegetação de caatinga. O curso do rio é menos sinuoso.
A montante da região de Pão de Açúcar, até a barragem de Xingó, os solos são mais rasos e pedregosos, as colinas que margeiam o rio mais altas e abruptas, e as chuvas mais escassas e concentradas.
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Fonte:
“A ocupação do território e a população tradicional.” Ana Rieper. 2001
Cartografia:
Rio de Baixo | Canoa de Tolda | 20011 – A partir de base da ANA – Agencia Nacional de Águas
Imagem do topo – A montante de Belo Monte, AL – Acervo Canoa de Tolda