CANGAÇO

Beato da Cruz | Juazeiro do Norte, CE | do livro Beatos e Cangaceiros, de Xavier de Oliveira, 1932

Evoquemos aqui brevemente o movimento de Canudos, com qual se chocou a República recém-instalada, dominada pela figura carismática de Antônio Vicente Mendes Maciel, conhecido como Antônio Conselheiro, Santo Antônio dos Mares, Santo Antônio Aparecido ou Bom Jesus Conselheiro. No dia 13 de junho de 1893, Antônio Conselheiro e seus fiéis instalaram-se em Canudos, em plena caatinga do sertão baiano, nas margens do rio Vaza-Barris. Essa localidade, cercada de colinas, foi rebatizada de Belo Monte. Pouco a pouco a povoação organizou-se, desenvolveu-se economicamente e acolheu milhares de fiéis (fala-se em 25 mil, com um número considerável de ex-escravos). Canudos torno-se a localidade mais importante da Bahia depois da capital, mas também um lugar onde se implantou um sistema de autonomia econômica e de vida comunitária que mantinha, ao mesmo tempo, relações comerciais com as demais comunidades dos arredores. A constituição de uma milícia chamada Guarda Católica mostra como era importante defender e reivindicar essa terra – terra prometida – apropriada pela comunidade.

Em dois anos, os proprietário rurais da região tinham perdido grande parte de sua mão-de-obra, que se instalou em Canudos. Para as elites políticas republicanas, a existência dessa comunidade contrariava os projetos de “modernização” e “unificação nacional” e revelava as diferenças profundas que existiam entre dois mundos e duas culturas estranhos uns aos outros: os do sertão e os do litoral. Para a nascente República, somente a erradicação desse movimento de contestação permitiria instalar a autoridade pública nessa região considerada arcaica por suas elites. O que deveria ser uma luta do Brasil republicano contra uma “seita político-religiosa” converteu-se na luta fratricida mais terrível que o Brasil jamais conhecera.

A Guerra de Canudos começa em novembro de 1896. Foram necessárias quatro expedições militares que reuniram, no final, contingentes de soldados e de oficiais de todos os Estados do Brasil para erradicar esse movimento. Ninguém teria imaginado a força de convicção e o ardor guerreiro dos fiéis de Antônio Conselheiro. Os combates foram terríveis; os soldados que chegaram a esses territórios desconhecidos e hostis – mal equipados, ignorando totalmente um meio que eram incapazes de dominar, falando o tempo todo de sua volta ao “Brasil” quando os combates terminassem – perpetraram atrocidades proporcionais à singularidade do inimigo sertanejo. Era preciso apagar, principalmente, todo traço físico e material dessa comunidade. Ou melhor, voltar a se apropriar dessa terra que, aos olhos da República, tinha sido usurpada. De Canudos não deveriam restar nem cidade, nem locais simbólicos, nem combatentes.

Antonio Conselheiro | Museu Histórico Nacional | IPHAN | MinC

Canudos caiu no dia 5 de outubro de 1897, mas não se rendeu, e no dia 6 suas 5.200 casas estavam arrasadas. Antônio Conselheiro, morto antes do assalto final, foi retirado da fossa onde o tinham enterrado e fotografado com o fim de estabelecer sua identidade de maneira indubitável – a fotografia opondo seu caráter irrefutável à força da crença que nega a morte dos heróis. Decapitou-se o cadáver. A cabeça, verdadeiro troféu de guerra, foi transportada de cidade em cidade até Salvador, onde a turba em júbilo pôde, finalmente, expressar sua satisfação por ter vencido o obscurantismo e o fanatismo. Em seguida a cabeça de Antônio Conselheiro foi conduzida ao Laboratório de Medicina Legal de Salvador, para que Nina Rodrigues – discípulo brasileiro de Lombroso – fizesse estudos frenológicos com o objetivo de identificar nela uma possível degenerescência.  Essa providência prenuncia o destino do cadáver de Lampião.

Ao evocar a Guerra de Canudos e a erradicação do movimento chefiado por Antônio Conselheiro, seus contemporâneos utilizam freqüentemente a noção de desequilíbrio. Desequilíbrio mental do chefe carismático que trouxe o caos que, de repente, tomou conta de toda a região. A resposta ao caos foram a violência, a brutalidade extrema e a mutilação dos instigadores desse desequilíbrio, como se não pudesse haver, diante do sertão ou no sertão, outra forma de discurso além da violência.

O sertão apareceu aos olhos dos contemporâneos de Canudos, e mais tarde aos olhos dos contemporâneos de Lampião, como uma região vergada “sob o peso” de múltiplos fenômenos adversos, onde a população, ás voltas com a seca devastadora, a miséria, as lutas políticas fratricidas e o banditismo endêmico, oscila entre a resignação, a desesperança e a revolta. Um dos males que a flagelaram durante décadas foi o banditismo: banditismo organizado ou banditismo de honra.

É verdade também que as zonas do litoral e do agreste nordestino tinham conhecido, do mesmo modo, formas de banditismo de grupo. Durante todo o período da colonização holandesa no Nordeste, menciona-se a presença de grupos de bandidos formados por desertores estrangeiros, por escravos fugitivos e por brasileiros. Alguns chefes de bando eram holandeses, como o célebre Abraham Platman, originário de Dordrecht, ou Hans Nicolae, que aterrorizou a Paraíba à frente de trinta homens. Tanto os escritos eruditos como os populares citam o célebre José Gomes, alcunhado “O Cabeleira”, originário de Pernambuco, que disseminou o terror na segunda metade do século XVIII e foi enforcado no Recife em praça pública. Quando a zona litorânea do Nordeste se estruturou, instalou-se um sistema administrativo repressivo.

O banditismo retornou a essa região para ganhar o sertão, onde se desenvolveu aquilo que, a partir da segunda metade do século XIX, haveria de converter-se no cangaço. Na realidade, não se sabe ao certo como nasceu o cangaço. As informações colhidas em inúmeras obras que se debruçaram sobre essa forma de banditismo não se referem a fontes históricas irrefutáveis. Ainda que a sociedade sertaneja funcione baseada principalmente na comunicação oral, existem documentos que na maior parte são judiciários: registro de reclamações, autos de ocorrência recolhidos por magistrados ou textos de julgamentos.

O vaqueiro no sertão | J. Miguel | Acervo Fundação Joaquim Nabuco

Há também certidões de estado civil, como também documentos relacionados com heranças e vendas de terras. Mas os autores que trataram do cangaço deram pouca importância a esses documentos. Privilegiaram os testemunhos verbais, as narrativas e tudo o que diz respeito à chamada “cultura popular”, da qual a literatura de cordel faz parte, como se o sertão não pudesse possuir vestígios escritos de sua própria história. Além disso, até um período recente poucos historiadores brasileiros estudaram essa região; a história do Nordeste é quase que exclusivamente a história do litoral do Nordeste.

Etimologicamente, a palavra cangaço viria de canga, jugo, e designaria, no “falar sertanejo”, segundo nos diz Franklin Távora em sua obra O Cabeleira, escrita em 1876, “o complexo das armas que costumam trazer os malfeitores. O assassino foi debaixo do seu cangaço – dizem os habitantes do sertão “[6].

Para Gustavo Barroso, “o bandoleiro antigo sobrecarregava-se de armas, trazendo o bacamarte passado sobre os hombros como uma canga. Andava debaixo do cangaço”[7]. Segundo Jean Orecchioni, os documentos mais antigos que fazem referência ao termo cangaceiro datam, aproximadamente, de 1870: trata-se das Cenas Popularesde Juvenal Galeno, obra publicada em Fortaleza em 1871, e do trecho de um célebre desafio, considerado histórico, que opôs Romano Caluête a Inácio da Catinguera em Patos, na Paraíba. Um trecho desse desafio, no qual aparece o termo cangaceiro, foi transcrito por Rodrigues de Carvalho em sua obra Cancioneiro do Norte, publicada em 1903. Jean Orecchioni cita também a obra Sertanejos e Cangaceiros, publicada em 1934: seu autor, Abelardo Parreira, originário do alto sertão de Pernambuco, afirma, sem indicar os documentos que lhe serviram de fundamento, que já em 1844 havia “grupos de homens armados, usando o nome de cangaceiros”, espécie de milícias privadas encarregadas por seus protetores e mandantes de expulsar certas tribos  indígenas. Finamente, a obra Dona Guidinha do Poço, de Oliveira Paiva, cujo ação se desenrola no Ceará em meados do século XIX, faz  alusão à “boa velha lei dos cangaceiro”[8].

Para Jean Orecchioni, […] a extraordinária preocupação com o realismo que demonstra o tempo todo o romancista Oliveira Paiva, nesta narração detalhada de um caso de adultério e de assassinato que ficou célebre em Quixeramobim, torna pouco improvável aos nossos olhos um anacronismo de linguagem: pensamos, pelo contrário, que se um dos personagens fala, por volta de 1850, da “velha lei dos cangaceiros”, é que, na verdade, poderíamos falar na época nesses mesmos termos[9].

É no início do século XX que, em algumas obras, o termo cangaço define não apenas o conjunto de armas e de atributos guerreiros exibidos por um bandido do sertão mas também um modo de vida, uma forma particular de existência . O cangaceiro torna-se então aquele que vive no cangaço e pelocangaço.

Para Gustavo Barroso, escritor originário do sertão e estabelecido na região litorânea,[…] o cangaceiro do Norte é selvático e feroz, sofrendo de um descalabro nervoso – produto da ancestralidade e do cruzamento étnico. Cangaceiro é homem que vive “debaixo do cangaço”. O cangaço não é sómente, na linguagem sertaneja, o armamento do bandoleiro; é, também, o seu modo de vida nômade, desregrado e sanguinario. O termo cangaceiro extende-se a todas as modalidades do criminoso nos sertões: é o salteador, o sequaz de atrabiliário e cruel dono de fazenda, de ignorante e perverso chefête político; um criminoso perseguido pela justiça, muitas vezes vitima da exacerbação de odios politicos, que vive pelos matos ás ocultas, axercendo vinganças, cometendo desatinos, matando inimigos descuidosos nas largas estradas solitárias[10].

A seca no sertão | Ivan | Acervo Fundação Joaquim Nabuco

Muitos autores relacionam o desenvolvimento “epidêmico” do cangaço com os períodos de seca que, debilitando significativamente os potentados locais, deixavam o campo livre para o banditismo e para as manifestações espontâneas de revolta e fanatismo religioso. A seca de 1877-1879 ocorreu após mais de trinta anos de chuvas regulares que permitiram ao sertão desenvolver-se de maneira considerável. Três anos de seca bastaram para destruir a vida econômica de uma parte do sertão, provocando a morte de cerca de 300 mil pessoas e forçando milhares de sertanejos a abandonar a região. Foi então que os grupos de cangaceiros se teriam multiplicado, colocando em perigo a propriedade e os bens dos próprios sertanejos.

Os senhores rurais e suas milícias, que até então constituíam um obstáculo ao desenvolvimento epidêmico dos bandos independentes, não puderam assegurar a própria proteção nem a dos sertanejos. Para Frederico Pernambucano de Mello, foi certamente essa grande seca que rompeu o equilíbrio precário que existia entre a população e os cangaceiros:

A seca de 1877-1879, talvez a maior de todos os tempos, representa momentos bem eloquente no demonstrar esse jogo de substituição momentânea do banditismo endêmico pelo epidêmico mais desabrido, a suscitar empenhos de governo igualmente especiais, em conseqüência do forte alarido do povo, multiplicado pela imprensa. Na fala com que encerou 1ª sessão e abriu a 2ª da legislatura da Assembléia Geral do Brasil do ano de 1879, lamentava o Imperador a quebra “em alguns lugares” da segurança individual e da propriedade. Ás causas notórias – dizia ele aos parlamentares – por mais de uma vez trazidas ao vosso conhecimento, acresceram outras provenientes da calamidade da seca e conseqüente mudança da condição e hábitos da população. O governo empenha-se em combater essas causas e acredito que cessando os efeitos daquele flagelo e mediante a enérgica repressão ao crime, seja mantida a segurança individual e respeitada a propriedade.

Na superposição das causas extraordinárias oriundas da seca, e como tal transitórias, áquelas de caráter ordinário e crônico – “causas notórias”, segundo as imperiais palavras – se contém toda a estrutura da criminalidade rural tornada epidêmica. A história nos mostra que esse beijo trágico une condições socioculturais básicas a uma causalidade episódica deflagradora. A fixidez das primeiras, opondo-se à mutabilidade da segunda, que tanto pode ser uma como agitação política ou qualquer outra convulsão socialmente traumática responsável pelo afrouxamento das estruturas sociais e conseqüente inibição do aparelho repressor. Não esquecer o importante indicador representado pela quebra nesses momentos do compromisso tácito de coexistência entre o homem do sertão e o cangaceiro[11].

Alguns autores aventaram a possibilidade de haver uma relação entre o cangaço e o recurso a um mercenarismo violento para resolver litígios particulares. Mas importa ressaltar que, num primeiro momento, o colonizador e depois o grande proprietário de terras que eles ocupavam e para controlar a mão-de-obra que lhes era indispensável, criando assim tipos de milícias privadas. Citemos, a partir de meados do século XIX, os jagunços, os capangas e os cabras. Em 1900 apareceu também o peito largo, encarregado de resolver disputas políticas e de expulsar os moradores indesejáveis. Esse mercenarismo foi, portanto, utilizado para garantir um sistema econômico, político e social e permitir a consolidação dos poderes locais.

Antônio Mathias, homem de questão | Alagoa de Baixo, PE | Foto Delmiro Gouveia

O cabra ou o capanga estavam ligados ao chefe político ou ao fazendeiro que contratava seus serviços. Mantinha relações de dependência ou de submissão para com ele, prontos a usar a qualquer momento as armas para defender os interesses de seu chefe.

O jagunço era um mercenário isolado que oferecia seus serviços a quem lhe pagasse mais. Os comportamentos às vezes criminosos do cabra ou do capanga dependiam da situação do chefe ao qual eles pertenciam. Se esse chefe não estava envolvido nas lutas políticas ou conflitos locais, o cabra ou o capanga cuidavam da propriedade de seu chefe ou propunham seus serviços para diversas tarefas pacíficas, permanecendo sempre disponíveis para um conflito armado.  O jagunço, ao contrário, era um profissional que escolhera a luta armada como modo de vida e não desejava fazer outra coisa. Para o jagunço, a noção de chefe não tinha a mesma conotação pessoal que para o cabra.

A maioria dos autores concorda em ver no cangaço uma forma de banditismo de honra. A entrada no cangaço de indivíduos oriundos de famílias de modestos criadores de animais ou de pequenos proprietários de terra correspondia, geralmente, à necessidade de vingar uma afronta, de reparar uma injustiça para reconquistar sua honra ou a de sua família. Diante da violência sofrida, do ataque de um direito que ele julga fundamental, sua moral impõe-lhe a resposta pela violência. Muito se tem falado nos paradoxos da chamada moral sertaneja.

No Nordeste, talvez melhor que em qualquer outra região, sente-se a existência desses quadros de valores – segundo já comentamos – inconfundível em muitos de seus aspectos. Chega a ser quase impossível, por exemplo, explicar ao homem do sertão do Nordeste as razões por que a lei penal do país – informada por valores urbanos e litorâneos que não são os seus – atribui penas mais graves à criminalidade de sangue, em paralelo com as que cominam punitivamente os crimes contra o patrimônio. Não se perdoa o roubo no sertão, havendo, em contraste, grande compreensão para com o homicídio.

Sinhô Pereira e Luiz Padre (1916 a 1922 | Vila da Pedra – AL | Acervo Luiz Wilson, Recife

O cangaceiro – vai aqui o conteúdo mental do próprio agente – não roubava, “tomava pelas armas”. Dentro desse quadro todo próprio, a vingança tende a revestir a forma de um legítimo direito do ofendido[12]. Os cangaceiros saíam da legalidade seja por terem tentado matar ou terem matado por vingança, seja por terem tentado defender sua honra achincalhada ou a de alguém de sua família próxima ou, por extensão, a de seus parentes, depois do assassinato de um membro de sua família, de conflitos ligados ao roubo de gado ou à violação de um território. Vítimas da parcialidade da justiça a serviço dos potentados locais e desejando fazer justiça pelas próprias mãos, entram no cangaço para reencontrar sua respeitabilidade.

O cangaceiro, vivendo então na clandestinidade, excluía-se voluntariamente da sociedade para criar os meios de recuperar sua honra e a de sua família e reintegrar-se, em seguida, a essa mesma sociedade. Essa atitude vingativa tinha um sentido no seio dessa sociedade: o sertanejo identificava-se de bom grado com essa personagem de bandido de honra, dotado de virtudes e qualidades heroicas, encarnando a valentia e a liberdade. Portanto o cangaço era, em geral, uma fase transitória na vida do sertanejo que pegava em armas, e deixa de sê-lo quando Lampião se torna o “Rei do cangaço”, distanciando-se progressivamente das virtudes e valores do banditismo de honra.

Uma das características do cangaceiro era a ausência de patrão. Ele agia no seio de um bando e nunca estava subordinado a um chefe ou a um patrão que não fosse do seu bando, o que fascinou um bom número de autores, que viram nele o arquétipo do homem livre. Embora estivessem ligados a certos potentados locais, os cangaceiros mantinham a liberdade para romper sua aliança a qualquer momento. Nenhuma autoridade podia cercear sua independência. O chefe de grupo tratava de igual para igual o coronel e o potentado local. Isso levou Frederico Pernambucano de Mello a afirmar que os cangaceiros eram tipos de coronéis sem terras que pelas armas exerciam o seu poder, um poder indiscutível.

Os cangaceiros não tinham projeto nem visão política revolucionária, nem mesmo espírito reformista. Permaneciam arraigados numa concepção paternalista das relações sociais. Improdutivos, vivendo da pilhagem, extorquindo a população dos vilarejos que atravessavam, os cangaceiros progressivamente se organizaram como uma micro sociedade no interior de sua própria sociedade, com um código de honra particular, comportamentos sociais rigorosos e rituais de iniciação originais. De um futuro cangaceiro exigiam-se o espírito de independência, a capacidade de dominar o meio ambiente, a consciência e o respeito aos valores morais do sertão, uma verdadeira autonomia e o senso de livre-arbítrio, sem contar a firmeza de caráter e o senso de honra.

O recurso à violência estava enraizado na tradição do sertão, impregnando o universo cultural dessa região:indiscutivelmente, uma relação entre a violência e todas as formas de heroísmo sempre existiu, veiculada e legitimada pela literatura popular e as canções de gesta. Os folhetos de cordel, da mesma maneira que as canções de gesta, tinham uma predileção pela figura simbólica do herói que encarnasse as virtudes de um território, defensor da honra do grupo ao qual estava filiado, defendendo de corpo e alma uma forma de justiça com o mais puro respeito pela tradição de sua região que o compeliu a lavar o sangue com sangue.

Admitindo que sua margem de manobra estava extremamente reduzida, o poder central tentou reforçar a capacidade repressiva para com aqueles que defendiam a lei consuetudinária e que, com isso, colocavam em perigo a eficácia, senão a legitimidade da lei institucional. Desde o século XIX, magistrados enviados aos povoados do sertão vinham muitas vezes das cidades do litoral acompanhados por destacamentos de polícia; as práticas da justiça consuetudinária foram perdendo sua legitimidade e passaram a ser consideradas práticas criminosas tanto pelo poder central como pelos detentores do poder político dos diferentes Estados do Nordeste. O problema, na verdade, era anular todo particularismo regional.

Antonio Silvino preso | 1914 | foto de Horacio Alves | Acervo Josenildo Freire, Recife

No início do século XX organizam-se as forças Volantes, concebidas como um modo específico de lutar contra o cangaço e reprimi-lo. Oriundas da polícia militar, essas Forças Volantes eram corporações móveis adjuntas às forças de polícia locais, afetas a um município ou a um território maior. Suas tarefas eram auxiliar os magistrados, fazer reinar a ordem e perseguir os criminosos. A mobilidade desses destacamentos conferia-lhes grandes liberdade de ação e muita eficácia no cumprimento de sua tarefa, que consistia principalmente em dificultar o conluio ou os arranjos entre polícia.

Desde o início dos anos de 1920, as Forças Volantes estavam presentes em todo o território do sertão,tinham-se especializado na luta contra o cangaço e muitas vezes exerciam sobre a população pressões iguais às exercidas pelos cangaceiros.Chegavam a perpetrar exações e violências que ombreavam com as de seus adversários. Tudo isso será demonstrado por escritores e jornalistas depois de 1926, quando Lampião se torna uma personagem pública.

Algumas dessas unidades, compostas principalmente de sertanejos, tidas como representantes do Estados de direitos, estavam pessoalmente implicadas na luta contra Lampião. Famílias inteiras que tinham sofrido as violências de Lampião passam a integrar essas Forças Volantes. Desde o fim dos anos de 1920, e principalmente sob o regime de Getúlio Vargas, intensifica-se o recurso a um sistema de conscrição de civis sertanejos para lutar contra o cangaço. As Forças Volantes tornam-se um refúgio para pessoas perseguidas por Lampião.

Lampião em 1922 | Acervo Miguel Angelo (Nirez), Fortaleza

Em princípio, Lampião provém da tradição do banditismo de honra. Segundo versões geralmente admitidas, ele teria entrado para o cangaço com dois dos seus irmãos para vingar o assassinato de seu pai, assim como seu ilustre antecessor Antônio Silvino[13]. Tendo-se tornado chefe do bando em 1922, sempre se proclamando como membro do banditismo de honra e de vindita, Lampião diferencia-se em muitos pontos de todos os cangaceiros que o precederam. Ao mesmo tempo que afirma seu pertencimento à sociedade tradicional, na qual està  profundamente arraigado, Lampião, bandido e chefe de grupo, está na origem de uma cultura que  poderíamos qualificar de paralela, com seus rituais, seus valores e seus emblemas. Introduz um estilo de vida bem específico: é ele quem dota os cangaceiros de uma vestimenta particular indissociável da imagem que doravante se faz deles. E é ele quem introduz as mulheres no grupo, recriando dessa forma uma vida familiar com seus códigos próprios. Chegou mesmo a substituir o padre, passando a dirigir o ofício religioso entre seus companheiros.

Lampião fez do cangaço um modo de vida e até mesmo uma profissão; percorreu um  território à frente de um grupo que contou até com cem homens, ao passo que os bandos de seus antecessores raramente ultrapassavam quinze pessoas; desafiou as forças policiais e até mesmo os governadores de diferentes Estados do Nordeste. Enquanto seus antecessores percorriam uma região limitada do sertão, à procura de inimigos, Lampião se afirma como o “Rei do Cangaço”, o “Senhor Absoluto do sertão”, procurando assegurar o domínio sobre uma vasta zona e sua população.

Lampião distinguiu-se de seus antecessores sobretudo por ter sido o primeiro a preocupar-se com sua imagem e empenhar-se em difundi-la. Depois que se tornou uma personagem pública, foi o herói de numerosos poemas de cordel, de toda uma gesta que evocava sua entrada para o cangaço, os momentos importantes de sua vida, seus atos de bravura, seu destino excepcional e trágico, espécie de voz popular que o acompanha e o inscreve em uma tradição épica própria do sertão. Ele não é o primeiro cangaceiro a ser objeto de tal heroicização na literatura de cordel e nas canções de gesta. Antônio Silvino, seu ilustre predecessor, também foi cantado em inúmeros poemas.

Entretanto, Lampião é uma personagem muito mais complexa, e a literatura de cordel testemunha sua singularidade e ambivalência, traduzindo em inúmeros poemas sua profunda dualidade: anjo e diabo, bom e cruel, vítima do destino e assassino sádico, amante apaixonado e criminoso implacável… Lampião foi o primeiro cangaceiro – e essa é a sua grande originalidade – a cuidar de sua personagem; utilizou métodos de comunicação – principalmente a imprensa e a fotografia, que não faziam parte de sua cultura – para impor a imagem que queria dar de si mesmo. Concedeu entrevistas, deixou-se fotografar por várias vezes, instando para que as imagens fossem difundidas na imprensa do Brasil inteiro ou distribuídas à população do sertão. Chegou mesmo a participar, em 1936, da filmagem de um documentário consagrado à sua vida e à do seu grupo na caatinga.

Fotograma do filme de Benjamim Abraahão, 1936 | Acervo ABA Film, Fortaleza | Coleção Federico P. de Mello

Essa elaboração de imagens pela imprensa, pela fotografia e pelo cinema repercutiu nos diferentes protagonistas da luta contra o cangaço que, principalmente por via da imprensa, devolveram regularmente contra-imagens a Lampião. Á margem desse sistema de imagens e contra-imagens coloca-se o problema extremamente interessante dos interlocutores. A quem se dirige Lampião quando concede entrevistas à imprensa ou quando distribui suas fotografias à população? Aos sertanejos, às forças policiais que o perseguem no sertão, às autoridades políticas locais ou a todas as autoridades do Brasil? A quem se dirigem os jornalistas do litoral e do sertão que relatam os crimes cometidos por Lampião, as exações das Forças Volantes ou o sofrimento infligido à população do sertão? Quem está por trás do discurso desses jornalistas? São eles atores na luta contra o cangaço?

A ideologia mal velada que se infere das palavras de certos jornalistas do litoral, a virulência de certas acusações faz pensar que eles são os intérpretes do poder estabelecido. Para apoiar esse questionamento, importa levar em consideração tudo o que subentende a opinião pública, quer se trate da população do litoral ou da do sertão, mas também do próprio Lampião, de quem se sabe que lia avidamente tudo quanto se escrevia a seu respeito.

A partir do momento em que Lampião se converteu em personagem pública, o que coincidiu a primeira entrevista concedida ao jornal O Ceará em março de 1926, instaurou-se um diálogo entre Lampião e todos os protagonistas dessa história, cada qual remetendo ao outro a imagem que ele fazia de si mesmo e expressando, ao mesmo tempo, o que ele próprio gostaria de representar aos olhos do outro. Dois grupos defrontaram-se ao mesmo tempo que se operou uma transição de um para outro por meio da imprensa.

Na medida em que Lampião está na origem da elaboração de sua personagem e, ao mesmo tempo, em que continua sendo o objeto de representações múltiplas, trata-se de ver como se instaura e evolui a dinâmica, esse jogo de representações contraditórias. Lampião nunca deixou de expor aos olhos dos outros e de impor à sociedade uma certa imagem de si mesmo. Por sua vez, a sociedade apropriou-se dessa imagem, criando metamorfoses a partir dela, ao sabor das circunstâncias ou construindo uma outra.

Reclame Revista Nova, Ano 1, no. 06, 1933 | Coleção Luiz Antonio Barreto, SE

Essa dinâmica de construção e desconstrução da sua imagem abre caminho para a elaboração do mito Lampião. Ele é o herói de uma história sempre reelaborada, construída e propagada não somente pelo e no sertão como também por e em outras regiões do Brasil. Lampião, personagem real, viveu e realizou ações cuja representação foi deformada e amplificada pelo imaginário coletivo, que fez dele ora um herói, ora um ser monstruoso. Isso transparece nos testemunhos que se pretendem os mais objetivos e se percebe também nos relatos, nos artigos de jornais, nas obras que lhe são consagrados e principalmente na literatura de cordel. A voz popular deforma, amplifica e transmite os ditos e as ações do herói e tenta dar, por meio dessas mesmas amplificações, uma coerência à construção de uma história que se torna intemporal.

São inúmeros os documentos sobre a vida de Lampião, sua história, os atores do drama de que ele foi instigador: artigos de jornais, testemunhos orais de contemporâneos de Lampião ou posteriores à sua morte, obras críticas ou romanceadas, autos de processos, telegramas enviados pelas forças de polícia, memórias de diferentes protagonistas, fotografias e poemas de cordel.

Essa documentação farta, cheia de contradições, reflete diferenças de percepção da personagem segundo a especificidade cultural ou regional, o contexto político ou histórico, segundo as posições ideológicas ou a implicação pessoal de quem dá a informação, divergências que fazem viver a personagem e a desmultiplicam. Os documentos, em sua maioria, pertencem ao universo do relato ou da narração: há os que pretendem contar a “história”, os que denunciam, os que querem restabelecer uma verdade que eles têm como a verdade, os que creem compreender e querem comunicar o que consideram irrefutável, os que se concentram em um momento determinado, os que julgam, os que reabilitam e os que constroem a narração de sua própria história pela história de Lampião… Ante uma história que não pára de crescer e de se transformar, onde situar-se como historiador? Como fazer justiça a todos os locutores que são também os atores dessa história? Fazer repercutir suas vozes, abrir-lhes espaço e ao mesmo tempo analisar seu discurso tentando revelar a sua polissemia; essa é a tarefa do historiador quando ele “constrói” a sua biografia de Lampião.

O papel da crença, numa região onde o relato e a palavra têm tanto ou maior valor quanto um documento escrito – mesmo que oficial -, não deverá ser negligenciado. Lampião desafiou as forças da ordem e durante quase vinte anos menosprezou os diferentes governos do Nordeste  e até mesmo o governo central. Esse clandestino não cessou de se exibir e de proclamar sua onipotência a uma sociedade incapaz de compreender de onde vinha essa invulnerabilidade e de responder a ela. Se alguns destacaram principalmente sua pujança guerreira, sua valentia, seu ardor no combate ou suas qualidades de estrategista, a maioria, tanto entre os sertanejos como entre os habitantes do litoral, preferiu apelar para o sobrenatural ao explicá-lo.

Esse herói seria dotado de poderes mágicos, recorreria à bruxaria para vencer seus inimigos, alguns dizem até que teria selado um pacto com o diabo e se tornado imortal depois de reinar como senhor do sertão. A noção de invulnerabilidade vinculada à pessoa de Lampião está associada a todo um discurso sobre o corpo, numa perspectiva tanto descritiva como metafórica. Ao corpo de Lampião, corpo real, corpo figurado, corpo simbólico, corpo coberto de proteções mágicas que o “fecham”, corpo que se transforma à medida que os sofrimentos o atingem, respondeu o corpo ferido da sociedade, que tentou reencontrar sua unidade matando Lampião e seu bando e se apropriando dos seus cadáveres.

Corisco e Dadá | Foto Benjamim Abrahão, 1936 | Acervo Rui Souza e Silva, SP | ABA Film, Fortaleza

O grande poeta Nertan Macêdo, em sua magnífica obra consagrada a Lampião, evoca assim o lado inquietante da personagem: descreve um guerreiro semelhante a uma besta selvagem, totalmente ligado à natureza, à terra ao território que o cerca, próximo, ora dos assustadores animais noturnos, provocando repulsa e terror fóbico, ora de animais dóceis e selvagens, ágeis e indomáveis. Um corpo, diz Nertan Macêdo, que parece expressar e revelar uma tristeza e uma selvageria que remontam à noite dos tempos:

Triste e magro é o país dos nordestinos. Triste e magro é o sertão desse país. Tão magro e triste como o seu herói predileto, o Capitão Virgulino Ferreira da Silva, de alcunha Lampião, cujo nascimento, vida e morte narraremos no decorrer desta triste, magra narração…

Esmalhado d’ouro, nas teias do azul, era o capitão Virgulino espesso, profundo, luminoso. Movia-se como uma aranha, voava como um morcego, pulava como um cabrito. Nas caminhadas era lento, cauto, destro. Ósseas articulações, cartilagens, glenas  encouradas, tanto se assemelhava a um novilho arisco e curtido como a uma serpente faminta, enrodilhada na pedra. Quem o visse gelava.

Mais ainda, depois da morte do irmão Antônio, quando abandonou os cabelos ao crescimento e as unhas se lhe tornaram garras recurvas, aduncando-se, como bicos numerosos, de aves esfaimadas.

As mãos impressionavam, dirá, mais tarde, um cronista, que ouvia dos raros que testemunharam a sua presença, passando-lhe rente à sombra, esguia e triste. Como êle, eram, também elas escuras, espessas, profundas, da escuridão da pedra dos fundos das cacimbas enlodadas. […]

Era isto sim, da côr da dureza do bronze. Semeara-o a mão de Deus nesses campos de abandono e tristeza incomensurável, vazia. Semente da noite, a germinar, no fundo da terra, e rebentando ante um sol imenso e luminoso quando o dia se fêz. Garrancho que se levanta em forma de tíbia, fêmur, macérrimo osso, nos cerrados amplíssimos.

Era um osso, bem o sabemos[14].”

In Lampião – Lampião Senhor do Sertão ; Editora USP, SP; 2001

[1] Oleron Barretto, “No sertão”, A Voz do Sertão, Triunfo, 10/5/1936, p.5.

[2] Luis Aguiar da Costa Pinto, Lutas de Famílias no Brasil (São Paulo, Nacional, 1949, p.61), apud Frederico Pernambucano de Mello, Guerreiros do Sol: O Banditismo no Nordeste do Brasil, 1985, p. 7.

[3] Jean Orecchioni, Cangaço et cangaceiro: de La réalité à la fiction romanesque, 1976, p. 133

[4] Idem, PP.129-130.

[5] Amaury de Souza, “O Cangaço e a Política da Violência no Nordeste Brasileiro”, 1973, PP. 102-103.

[6] João Franklin da Silveira Távora, O Cabeleira, apud Frederico Pernambucano de Mello, op. Cit., 1985, p. 54, n. 12.

[7] Gustavo Barroso, Heróes e Bandidos, 1931, p. 31, n. 16.

[8] Jean Orecchioni, op. Cit., 1976, PP. 32-36.[9] Idem, ibidem.

[10] Gustavo Barroso, terra de Sol, 1956 (1ª ed., 1912), p. 112.

[11] Frederico Pernambucano de Mello, op. cit., 1985, p. 45.

[12] Idem, PP. 66-67.

[13] Manuel Batista de Morais, dito Antônio Silvino (1875-1944), nasceu, de acordo com as versões correntes, em Afogados de Ingazeira, sertão pernambucano, no limite com o Estado da Paraíba. Sua vida no cangaço foi objeto de numerosos relatos publicados na imprensa ou em obras como as de Gustavo Barroso, para citar apenas este. Uma quantidade considerável de folhetos de cordel ilustra as proezas desse célebre bandido. Antônio Silvino entrou para o cangaço após o assassínio de seu pai, morto por uma Força Volante constituída a pedido do coronel Luiz Antônio Chaves Campos, chefe político do município. Dirigindo um pequeno grupo de cangaceiros, Antônio Silvino percorreu o sertão de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará durante quase vinte anos, de 1895 a 1914, data de sua captura por Teófanes Ferraz Torres graças à traição de um dos seus coiteiros. Ferido, preso e depois julgado em Recife, foi encarcerado na penitenciária dessa cidade até 1937, quando obteve, mercê de seu bom comportamento, considerado exemplar, o indulto do presidente Getúlio Vargas. As proezas de Antônio Silvino foram contadas com detalhes fortes nos folhetos de cordel de Leandro Gomes de Barros, como A Canção de Antônio Silvino, datado de 1902, e os de Francisco das Chagas Batista, como A Vida de Antônio Silvino, datado de 1904. A respeito do olhar lançado sobre Antônio Silvino pelos jornalistas contemporâneos de Lampião, ver, entre outros, Esmaragdo de Freitas, “Cangaceiros”, Diário de Pernambuco, 12/3/1926, p. 3; Vitor de Espirito Santo, “No Encalço de Lampião”, Diário Pernambucano, 19/1/1931, p.1; Diário Pernambucano, “Rememorando Crimes e Assaltos de Antônio Silvino: O mais Funesto Feito de suas Razzias”, 25/7/1935, p. 10; Assis Chateaubriand, “A Endemia do Cangaço”, Diário Pernambucano, 7/8/1938, p.4.

[14] Nertan Macêdo, Capitão Virgulino Ferreira: Lampião, 1970 (1ª Ed. 1962), p. 35.

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