Aqui, o falar é assim

A
Acender (a pintura) – Avivar uma pintura, um nome de embarcação, de uma fachada de comércio. “rapaz, acho que vou dar uma acendida no nome da lancha…tá muito apagado, o sol queimou tudo…tá feio…”
Água alva – Água clara, transparente.
Água correndo – Lugar do rio onde é mais fundo. Há que se ter experiência para ver a mudança de cor e textura da água (as pequenas ondulações e/ou movimentações da superfície) e poder identificar o canal. “óia ali, macho…tá vendo a água rupiada? Nóis vai por ali, ponde as águas tão correndo…pode ir seguro que a canoa passa…”
Água melada – Água turva de lama, específica da época das cheias. Água de rio vivo, vigoroso. “era tão bonito, meu fio…vinha a água nova, e depois ela se melava, trazia a lama que trazia a fartura pras lagoa de arroz, trazia os peixe…agora é nada, acabou-se o rio…”
Água nova – Quando o rio começa (va) a encher, a água vinha mais branca, clara, no início da melação das trovoadas. “quando a água nova de outubro foi chegando na altura dos Escuriais, foi tanta da felicidade, meu fio…a gente orando pras lagoas enchere, ficare bem cheias, e puder sacudir o arroz…”
Água, tomar a – Eliminar o vazamento de água em casco de embarcação. “eu pelejei dois dias, mas tomei as águas do casco da canoa…era na costura por debaixo da caverna da carlinga do mastro de proa e do rombo de popa…pense num trabalho…”
Alastrado
Alumiar
Amarelaço (a) – Amarelado(a). Em geral no tratamento para com bichos. “o mandi amarelo, tem uma gordura amarelaça, já o mandi branco, é esbranquicento…”
A nado, de
Antontem
Aratanha – Pequeno crustáceo, camarão, bem valente, que ocorre no sertão e é encontrado sob pedras, em cascalhos. As crianças gostam (ou gostavam) muito de pesca-lo para torrar e comer com cuscuz. Muito gostoso.
“A pulso…”- expressão que significa a força, fazer algo obrigado. “aquele menino de Déia de Josafate da Mata Comprida num qué nada cum a vida…pra ir pra rua estudar, vai a pulso, a pobre da mãe tirando o infeliz da cama obrigado…”
Apagar (o motor) – Desligar o motor. “quando a lancha de Gilberto vinha de Piranhas, carregada de fiel da novena do padre Ciço, na panela do Mateus o motor se apagou…foi um desespero medonho, gente gritando, chorando, rezando, mas Nininho, filho dele, se pulou para a manica e botou a máquina para virar…foi um milagre…”
Aparição – Ou parição. Quando o rio enche, fica com as águas turvas e vem a piracema, ocorre a aparição dos peixes, na época da reprodução. “com esse rio morto, mode as barragens, já num tem mais nada, a parição cabou, peixe é nenhum…é uma desgraça para o ribeirinho…”
Atrepado (a) – Trepado, trepada em algo, numa árvore. “quando o caboco Norberto atrepou no pé de coco e foi passar a foice no cacho, bateu foi num enxu medonho que lhe caiu em cima…o hômi num guentou e se largou lá de cima, com foice, com peia, com tudo…quase morreu…”
Avores – Avós. Forma particular (pessoas idosas, algumas) de plural de avô ou avó. “já os meus avores me ensinaram tudo o que eu sei hoje…me botavam ali de junto, no eito, e eu ficava bem sadinha, conhecendo as coisa…”

B
Bagem – Vagem. Pode ser a vagem do feijão, da fava, ou o chocalho do cascabulho (cascabuio, cascavel). “ainda mais essa, ômi…tem uma peste de imundícia que tá brocando a bagem toda do meu feijão…num tem veneno que acabe com essa praga…” e ainda “ainda tras de antontem o Zeferino matou um cascabuio, ali nos Oinho d’água e truxe a bagem pra nóis vê: cascabuios véio da fera…uns treze anos…”
Balseiro – Ilha flutuante formada por aguapés (baronesas) e outras plantas aquáticas que se soltam das margens nas marés grandes e vêm descendo o rio arrastando tudo. Ocorre apenas na praia (abaixo de Penedo e Neópolis) e é uma dor de cabeça dos barqueiros. “num vou lhe dizê a bagaceira que foi onte…um balseiro grande da gôta, grosso, desceu e arrastou o ferro da lancha…tive que ir pegar a lancha, debaixo de chuva, na cabeça da ilha da Fitinha…pense numa coisa complicada…”
Banguelo
Banda (alagoana, sergipana) – margem, lado.
Banda, de
Barcada
Bardo – Balde. “ô Jurumba!…desce ligeiro no beiço do rio e pegue um bardo d’água para os animais…tá tudo ressecado ali no pé de juazeiro…vá, ligeiro!”
Barrofo – De água. Água que espirra leve. Uma chuvinha fraca é um barrofo de água. “apois, Dona Cabôca, com esse barrofinho de água, sereninho que num deu prá nada, sei não…acho que o feijão e o milho tá tudo perdido…”
Bassoura – Vassoura. Ocorre com frequência a troca do v pelo b em todo o Baixo. “Galêga mulhé! Pegue a bassoura na cozinha e barra a casa e a área…teus irmão com essa folia de jogo mais aquela ruma de macho do Gerimum deixaram essa casa uma nojeira…”
Batência – Quando (na região da praia) o mar está revolto de barra a fora, porém faz sentir os efeitos da ressaca na maré cheia, de rio adentro. “Mané, com essa batência vindo do sul, acho que é melhor nóis deixar a lancha do outro lado do rio, no sul, pois pela noite, a maré vai dar grande e a coisa vem grossa…”
Bater (saco de arroz) – Colher, produzir. O termo está ligado a etapa de bater a casca do arroz secado ao sol. “meu irmão, pois no tempo que o rio botava, essa lagoa aqui de cima, na Lagoa Funda, batia 5000 sacos de arroz…hoje, é zero…num ficou nada…”
Bimba de boi, pisa de – Surra que se dava (ou ainda, em algumas situações) em filhos, na família, com um chicote feito com o pênis do boi. O dito cujo é curtido com óleo de linhaça e no sol. Quem leva a pisa, diz o povo, nunca se esquece, tamanha é a lapada. “ô cumpadre Deco, quando for derrubar o boi da feira de sábado, faz o favor, me separe a bimba dele…tenho que preparar um manguá bem curtido para deixar pronto pros meninu lá de casa…tá tudo com a peste e só vai se aquietar com umas boa lapada…”
Boca da noite – O finalzinho do dia, o início da noite. “no verão, quando o vento dava bom, nóis saia da praia com a maré encheno e pela boca da noite, o rio cheio, carreira segura, ia bater nim Traipu pela boca da noite…que viagem boa…”
Bom, deu
Bom, toca
Bombordo – lado esquerdo da embarcação.
Bois de carro – A parelha de bois, criados e adestrados desde bezerros, garrotes, para puxar os carros de boi, indispensáveis, sobretudo, nas rodagens pedregosas do sertão. Como irmão siameses, vivem enganchados um ao outro, por uma corda que passa por furos nos chifres.
Boreste – lado direito da embarcação.
Bornal – Bolsa de pano com aba que fecha por cima, usada a tiracolo. Em geral feita com lonita grossa. Em desuso. Mais utilizada no sertão.
Botar água – Carregar água em pote, na cabeça. Atividade ainda hoje quase que exclusiva das mulheres, sobretudo no sertão. “num sei u qui eu faço com essa menina…tão preguiçosa no mundo que nem um bardo d’água ela bota em casa pro pai beber…”
Bote (o comer) – Servir a refeição, um prato de comida. “Nazarete, mulhé! Bote o comer que tem visita se achegando em casa…o cumpadre Otônio mais Zenóbio viero almoçar mais eu…”
Braça
Brocar – O conjunto
Brojando – Brotando.
Burrego (a) – Filhote de ovelha.
Burra
Burragem
Buçada
Bucho
Buchuda

C
Cabeça baixa
Cabeça da croa – Onde a croa nasce, a parte mais acima, mais a montante da croa.
Caboca (o)
Cabo verde
Cachorreira – Safadeza, roubalheira, esculhambação. “aquela prefeitura é uma cachorreira só: tá tudo rico…prefeito, secretário, a ganga toda…” ou ainda “quando Zé de Tonico da Lago de Areia chegou em casa, encontrou a muié numa cachorreira medonha com o cumpadre…”
Calunga – Os estivadores dos portos onde havia movimentos de canoas, navios, lanchas. Atividade extinta.
Camaroa – A fêmea do camarão. “agora, chega o verão, é tempo das camaroa tá tudo ovada…”
Comere
Cambaio (a) – Arqueado(a). Em geral, as pernas. “Zefa é uma cabôca aprumada, mas é tão cambaia das perna…pense numa coisa que dá gastura…”
Cangaço – esqueleto. “menino, num vá se inventar de reinar no cangaço da casa da finada Maria Viúva, tem bicho por lá…”
Cardeiro
Carralo (forma fonética) – Cavalo. No Baixo, sobretudo no sertão, há uma troca dos sons de v para rr em várias palavras. “carralo!…carralo!…entre na água, fi’ da peste!…qué tumá banho não, disgraça?”
Carro de popa – peça de madeira curva, como uma grande moldura, larga, que “fecha” a canoa, por detrás do leme. Sobre ela vem a ferragem do carro, por onde corre o moitão duplo do traquete de popa.
Careco
Catenga
Cascabuio – Cascavel, a cobra.
Cascalho – em geral, boca de pequenos riachos onde há muitas pedras amontoadas, espraiadas, sendo um perigo a navegação próxima da margem.
Calado – distancia entre a linha d’água (superfície da água que divide a zona externa, “seca”, da embarcação e o fundo da mesma, zona “molhada”) e o fundo da embarcação ou de seu leme, hélice.
Capuco
Cara curta – Tipo de proa de botes, embarcações mais encontradas no sertão. Em geral, mais verticais, baixas (os barcos no sertão são mais baixos que os da praia).
Centro – Região (no sertão) mais afastada da beira do rio. “esse povo do centro vai se aguentando com as pias no inverno…quando seca a água, desde tudo pro beiço do rio…pegar água, lavar pano, trazê os bicho…é uma peleja…”
Céu bonito – Céu nublado, com nuvens formadas, carregadas (espera-se) de chuva. “quando cheguei no Mato da Onça, pela tarde, o céu lá para a banda do sul estava bonito, pardo…pudera cair uma chuva para o feijão brojar…”
Chapuz – Peça na popa das embarcações, acima do espelho de popa, onde se apoiam os remos (zingas). Em geral, são decoradas na frente e na parte de trás, em geral com figuras geométricas, paisagens.
Cheio (da buchada) – A parte da buchada de bode (que leva muito de carne de criação, porco, quando bem feita) que é o estômago do animal, dentro do qual tem arroz e os miúdos pinicados.
Coiteiro (a) – Que protege, dá coito, que arrancha, ou que alcovita (no caso de enganações de casais). “ali, naquela casa Lampião tinha o seu maior coiteiro aqui no Baixo, o interventor de Sergipe, Eronides Carvalho: arma, munição, num faltava pro capitão…”e “pense numa véia coiteira…a Dona Maria de Noca, da Lagoa Funda…quando a filha se entocava nos mato com o cabra do Tijuco, inventava de um tudo pro pobre do genro…da-lhe ponta…”
Colo – do casco. A parte curva de transição entre o costado (a lateral) e o fundo. Feito com pranchão ou tronco cavado na enxó, para fazer a peça curva.
Coloio – Conluio, armada entre pessoas. “apois…a secretária de educação estava de coloio com o presidente da câmara para derribar o prefeito…pense numa armada…”
Coligado
Comer, o – A refeição. Prato de comida. “num guento mais esse peste desse home…só sabe manda…é chegano nim casa e urrando bote meu comê, bote meu comê…num faiz nada…só manda”
Comedor
Compadres 
Congogi – Crustáceo próximo do pitu, que vive agarrado às pedras do rio. Ocorre (em extinção?) a partir do Buraco da Maria Pereira, na Tabanga. Utilizado como isca de piau.
Criação – Ovelhas, carneiros. “vamo acolá, na barraca da Maria, comer uma criação guizada, boa que só…”
Croa – banco de areia.
Croa, cabeça da
Croa, pé da
Curada (o) de cobra – Pessoas que, quando pequenas, foram rezadas por um(a) rezadeira para terem o corpo fechado e protegido contra a mordida de cobras, sobretudo dos jaracuçus e cascabuios. “eu mesma, já fui mordida uma ruma de vez por jaracuçu e cascabui e nunca morri…sou curada…”
Curar, a madeira – Quando uma raiz de braúna é retirada para se fazer uma caverna, uma volta,
Curiar – Bolir, futucar em algo escondido, ficar vigiando o vizinho (sem ter o que fazer). “a Mariinha de Bé tanto curiou nas coisa da irmã, que encontrou o bilhete do Sinésio da Fazenda Conceição…foi um panavueiro medonho naquele dia…” e ainda “pois o véio Abiné passava o dia curiando, si fazendo de dormido, o movimento do outro lado da latada, na casa da comadre Dadinha…pense um véio à toa…”

D
De pés – Caminhar, viajar a pé. “antontem rodei o centro todo, ali pela Conceição e pelo Alemar, de pés, atrás daquela burra malhada…encontrei-la embolada numa cerca, pra riba do terreno de Neco de Zileide…cheguei com os pés pegano fogo…”
Deixou
Desconcertado
Despejar – Parir, dar a luz. “se avexe, Tibúrcio, bote os arreio no jegue que a Naninha tá prá despejar…temo que descer pro beiço do rio e pegar a lancha de Codi pra descer prá rua…”
Despejou-lo
Despachar
Desmantelo
Destocar – O conjunto
D’ontem – O

E
Empaiolada – Em geral frutas, mangas (na praia) tiradas antes de estarem completamente maduras. “eu já lhe digo que num gosto de manga empaiolada…me dá uma gastura medonha, aquele leite dela…e a bicha fica cum uma cor esquisita danada…fruta pra mim tem madurar no pé…”
Empalombar – Montar a borda
Encandeada (o) – Ofuscada (o), cegada (o) por uma luz muito forte. “eita…que quando a gente sai do pardo deste buraco lá prá fora que fica encandiado pela luz do sol…”
Engilhado
Encangado(a) – Para animais: “a pareia de bois já está encangada para puxar o carro” e para gente: “sei não…esse meu afilhado Lulu vive encangado com a nossa filha, é um tal de prima pra cá, prima prá lá…num sai daqui…vai dar certo não…melhor botar esse peste para correr, Noca…”
Enluvar
Envergue – Ofuscada
Envergar – Ofuscada
Enxu – O conjunto
Esbrangindo – Transbordando, sobrando água, quando chove muito nas trovoadas ou no inverno. “esse inverno foi tão bom, meu véio…a chuva deu boa, que esbrangiu por esse sertão todo, até o centro, lá perto do Japão…o ligume brojou bonito, e deu para ajuntar uma coisa pros bicho pra aguentar até o verão…”
Esbirro – Peça roliça transversal, de diâmetro em geral de 5 cm, perto da popa de botes a vela, utilizada para manter a forma na altura da borda e fixação da escota do(s) pano(s) da embarcação.
Esbranquicento – Branqueado, claro. Em geral, diz respeito a aspectos de animais. “mandim amarelo tem a gordura amarelaça, já o branco, é esbranquicento, são iguais, sendo diferentes…”
Escota – cabo (corda) que é utilizado no controle da abertura das velas.
Esquia – Magra, fina. “vixe, Nininha, óia cumo eu tô esquia, também, fechei a boca…agora o vestido qui eu comprei prá festa de Reis vai assentar…acho até que vai ter que acochar na cintura…”
Esquisito – Assustador, medonho, que causa receio. “eu vinha ali, pelo varedo que desce pelo grotão do Bebedô, noite parda, um esquisito, cumpadre…quase qui vortei…mas, tinha que encontrar a garrota do menino…” ou ainda “até hoje, eu me penso mode o que o cumpadre foi fazer justo a casa naquele esquisito do pé da serra…ali num passa ninguém, é um pardo que só…sei, não…”
Estirado – Ao comprido. Alongado(a). Várias aplicações como por exemplo: fundo de um bote com as tábuas estiradas (ao comprido, pode ser com as tábuas atravessadas). Ou ainda uma canoa estirada, longa, com pouca curvatura, pouco rufo. Vai depender da regra do mestre carpinteiro.
Estrelo
Estronca – Peça estrutural de madeira (em geral quadrada) de grande espessura, que é instalada atravessada no meio da canoa de tolda, escorando as bordas, para evitar que a canoa “feche”. Em geral de braúna, pau d’arco.

F
Facheada – Forma de caçar (ilegal) rolinhas no mato, com tochas de palha, estopa, pano, durante a noite. Os animais se encontram em galhos, dormindo, e os caçadores, com o fogo, os deixam encandeados e os abatem, em geral com a preaca (ver o verbete).
Farol – Lampião de vidro (industrializado) a querosene, do tipo para uso externo.
Feme – Fêmea. “mãe, a gata de vó Cabôca pariu dez gato…nove feme e um macho…” “ô peste de mais gato nessa casa!”
Feme, menino
Ferro– a âncora da embarcação. No Baixo São Francisco, também pode se referir aos “espetos”, peças de ferro com ponta numa extremidade e olhal na outra, para fincar nas beiras de rio e amarrar as embarcações.
Fidargo
Fixe – Firme, duro, rígido. “apois, seu Olavo, prá arrumar esse telhado, tem que colocar uma linha fixe, de massaranduba…mode que madeira boa do mato, tem mais não…”
Fiz, mas não fiz
Fruita
Fuleiro – Á toa, que não presta. “ô Titico, deixe de fuleiragem e vá ajudar teu irmão, cabra da peste!” ou ainda “mas esse prefeito é fuleiro, mar fuleiro…pense num cabra fraco…isso aqui tá é largado…” e mais “mas já visse uma muié fuleira como a Dondinha de Quino? Ontem, largou os menino tudo sozinho no barraco e foi pra festa, bebê a noite toda…ainda vi a danada no colo de Mané do bode…”
Folozado (a)
Fornido (a) – Completo (a), bem montado (a), bem feito (a), bem equipado (a). “pois quando mestre Valdemar de Ramiro adentrou a canoa, ômi…o véio não se segurou, não, foi dizendo: pense numa canoa fornida…que canoa furnida…cada casa de caverna de braúna que foi o tempo…”

G
Ganga
Garrota (e) – Bezerra (o) já maiorzinho, adolescente. “
Gia – O conjunto
Gia do padre

Gigante
Gofo – Denominação
Gritão

Groseira

H
H

I

Imundícia
Inventação

J
Jazita

L
Ladrilho
Laio do pano – a valuma, a borda vertical de trás da vela, o bordo de fuga.
Lancha – no Baixo, embarcações a motor, abertas ou fechadas, em geral, antigas canoas a vela motorizadas, destinadas ao transporte geral, de cargas e/ou passageiros.
Lapa
Lapada
Loiça
Loiceira
Luita

M
Malunião
Manguá

Margem – designação genérica para a vida no rio. “apois, pois aqui nessa margem, Zé Bobô é o melhor piloto, apois, piloto que pegou o nome de de barra a barra… pense num piloto de canoa…

Marrão –
Maroada – ondas formadas pelo vento no rio. Em geral, com o vento forte, com oitenta centímetros, um metro de altura, bem cavadas e próximas.
Marinha, porto da – no Baixo, a denominação marinha, antiga, define uma “lagoa de arroz”, uma área alagadiça onde ocorria o plantio de arroz. Não tem nada a ver com a Marinha do Brasil.
Melejando
Mimoso
Mimosice
Moitão – roldana que é utilizada no sistema de cabos de controle e para içar os panos. Pode ser simples, com uma só roldana, ou duplo.
Morrote – pequeno morro ou colina.
Mojada
Muro (de pedra, de barro)

Muruar

Museu – quando o rio deixa de fora pedras, croas, expondo a secura que ocorria nas estiagens, no inverno do Baixo (entre abril e outubro).

N
Nação
Não é mais nada
Neve

O
Ômi
Oito – peça em ferro, com o formado de um oito, entre cinco e dez centímetros de comprimento, feita a fogo, com barra de ferro redonda, que é utilizada para a fixação de moitões nos olhais do mastro, e outros pontos da canoa. Tem a função de dar maior flexibilidade aos movimentos dos moitões.
Oitão
Oitcho
Oitcho, de hoje a

P

Paleio

Pano
Pano de popa– Vela de popa, sendo que a canoa de tolda tem dois panos, o traquete de proa e o traquete de popa.
Parrando
Parpite
Passagem (do pano) – Quando
Passagem – Travessia.
Peia, cabra de
Peleja
Pés, de
Peguei-lo
Peloco
Peixa
Pinguelo
Pisa – Surra. “menino, tô lhe dizendo…mais uma armada dessas e o teu pai vai lhe dar uma pisa que você num vai si isquecê…a bimba de boi tá lá, em cima do camiseiro…você num se aprume, não…”
Porta d’água
Puba (o)
Purga, batata de

Q
Quebrante-
Qualidade, de –
Quibas –
Quitar –
Quarta –

R
Rabichola –
Ramo – Ramo acolá.
Reboco – O conjunto
Refrega – rajada do vento. Em geral de uma direção diferenciada do vento predominante que está soprando.
Reinão –
Regra – O conjunto de medidas que caracterizam um “estilo” de construção de embarcações de um determinado mestre. “é botar o olho nesta canoa que se vê que é regra de Mestre dos Santos”
Repunando –
Rojão –
Rufo –

S
Sacos –
Saroiada – A terra amanheceu saroiada nesse iniciozinho de inverno. Com essa molhazinha já vai dar pra pensar em plantar um milhinho.
Salamim –
Seboseira –
Sola –
Subre –

T

Tapagem –
Tarefa –

Traquete – Denominação, no Baixo São Francisco, do tipo de vela que a canoa de tolda utiliza, com formato quase trapezoidal. Em outras regiões do Brasil, este tipo de vela é conhecido como “de carangueja”.
Trás antontem –
Tubarana – Denominação

U
U

V
Ventoso –
Vara –
Veio da água –
Vento –
Venção –
Verga – a retranca, peça horizontal na borda inferior que ajuda a estruturar o formato da vela.
Vergonho, sem – cabra sem vergonho.
Volta – Parte curva de uma ferragem. Caverna específica mais curva no casco da embarcação, peça estrutural horizontal, feita com raiz curva (como as cavernas), para reforçar determinados pontos (em geral cantos) muito críticos nas canoas.

X
X

Z
Ziguina –