REDAÇÃO | quarta-feira – 06 de maio de 2020

PATRIMÔNIO NAVAL | NAVEGAÇÕES TRADICIONAIS 

Documentário sobre embarcações tradicionais brasileiras apresenta a riqueza de nosso (pouco conhecido) Patrimônio Naval, um dos mais particulares e ricos do mundo

 

Grande parte do patrimônio naval da humanidade está representada nos barcos tradicionais brasileiros, mais do que em qualquer outro país do globo. FEITO TORTO PRA FICAR DIREITO revela o saber náutico de nossos mestres carpinteiros anônimos e apresenta seus estaleiros artesanais e as comunidades originais onde este saber foi passado de geração para geração, em contraponto ao drama de uma atividade condenada a extinção.

O Brasil é o país mais rico do mundo em diversidade de barcos tradicionais em madeira, e o universo da construção artesanal de embarcações é tema de uma série inédita que está disponível no canal YouTube da produtora do documentário, a SetCom.

Divulgação – SetCom

Em “Feito Torto Pra Ficar Direito” o telespectador acompanhará a história de mestres carpinteiros que dedicam suas vidas à criação e manutenção de barcos tradicionais em madeira. Eles travam verdadeiras lutas para exercer sua atividade e repassar conhecimentos recebidos de seus antepassados para novas gerações. Ainda há uma grave incompreensão sobre a importância cultural e socioeconômica do trabalho desses brasileiros para o país.

Ao longo de seus dez episódios, a série visita mestres carpinteiros navais e seus locais de ofício (estaleiros) em diversos cantos do Brasil, e apresenta a vida em torno do patrimônio naval brasileiro.

No primeiro episódio, o telespectador conhecerá a história do mestre José Vernetti, que se passa no Rio Grande do Sul. Desde criança ele ajudava o pai, mestre Orlando Vernetti, que àquela altura já havia construído mais de 2.500 barcos. Em 1995, José passou a tocar seu próprio estaleiro e, em 2015, se formou em Engenharia Mecânica para se especializar ainda mais na profissão. Hoje ele repassa seus conhecimentos no curso de Construção e Manutenção de Embarcações no estaleiro escola da FURG (Universidade Federal do Rio Grande), unidade de ensino capitaneada por Vernetti, juntamente com o museólogo Lauro Barcellos, para ensinar a arte da construção naval à jovens aprendizes.

Percorrendo regiões litorâneas de Sul a Norte do Brasil, adentrando o Rio São Francisco, a série mostra também diversos outros aspectos relacionados ao tema, como histórias de navegadores e pescadores, embarcações centenárias, curiosidades e até mesmo as polêmicas enfrentadas pelos mestres carpinteiros navais, principalmente por conta da dificuldade de obtenção de matéria-prima. “A madeira utilizada na construção de uma embarcação não é uma árvore que morre. Essa árvore vai dar vida a uma canoa e vai sustentar uma família por 30 anos”, elucida Luiz Felipe Andrès, diretor do Estaleiro Escola do Maranhão. Em Paranaguá, litoral do Paraná, os caiçaras ensinam que a madeira é sempre utilizada com sabedoria e nesse terceiro episódio é possível ver um exemplo. Um tronco que está apodrecendo por dentro e prestes a cair, foi cortado e será utilizado na construção de uma “canoa de um pau só” com técnicas utilizadas há mais de 300 anos na região.

O telespectador terá a oportunidade de ‘navegar’ no “Sombra da Lua”, lendário saveiro tombado pelo IPHAN, e conhecer a luta apaixonada da ONG Viva Saveiro pela restauração e preservação dos mestres saveiristas da Bahia (episódio quatro). Também será apresentada a história da “Canoa Lusitânia”, lendária embarcação tombada pelo IPHAN, utilizada por Lampião. Na Amazônia, numa região onde as estradas são os rios, a importância da construção naval tradicional se vê em todas as atividades. No episódio nono a série “Feito Torto Pra Ficar Direito” mostra o trabalho dos grandes mestres carpinteiros navais na região, onde cada morador tem um estaleiro em seu quintal.

Feito Torto Pra Ficar Direito. Uma viagem com as embarcações tradicionais brasileiras. Fotograma – SetCom

No último episódio da série, a produção passa por estaleiros ainda ativos em Portugal para retratar a história da construção naval tradicional daquele país e traçar relações com o Brasil nas técnicas utilizadas e nas embarcações criadas. Neste, é narrado o trabalho do último mestre carpinteiro situado na Vila do Conde, que está na luta para documentar e sistematizar a técnica de construção de Naus e Caravelas.

“Documentar os barcos tradicionais do Brasil e seus mestres foi a forma que encontramos para criar uma resistência ao desaparecimento desse painel de conhecimentos, práticas e personagens que configuram o patrimônio naval tradicional do Brasil”, afirmam Bhig Villas Bôas e Vanessa Leal, diretores da série e sócios da SetCom, produtora da série.

Feito Torto Pra Ficar Direito

DIREÇÃO Bhig Villas Bôas

PRODUÇÃO SetCom

COPRODUÇÃO Ocean Films

APOIO IPHAN

PATROCÍNIO
Portonave
FSA FUNDO SETORIAL DO AUDIOVISUAL
BRDE
ANCINE

Seleção Oficial:
Volvo Ocean Race 2015 (Brasil)
XIX International Ecological TV Festival “To Save and Preserve” 2015 (Rússia)
BLUE Ocean Film Festival 2015, Menção Honrosa (Mônaco)
Cinedocumenta – XI Mostra de Cinema Documentário de Ipatinga 2015 (Brasil)
V Cinerama BC 2015 (Brasil)
V Mostra Ecofalante 2016 (Brasil)
Festival Guarnicê de Cinema (2016)

Licenciado para Prime Box Brazil, Al Jazeera Internacional, SESC TV.

FEITO TORTO PRA FICAR DIREITO | 53 minutos | Documentário | 2015 | LIVRE

Fonte:

Divulgação e TravelBox Brasil

Imagem em destaque – Divulgação. SetCom Produções

Você está acompanhando os conteúdos apresentados pela Canoa de Tolda e já deve ter uma avaliação a respeito do que é disponibilizado para apresentar o Baixo São Francisco real em contraposição ao oficialmente divulgado.

Tentamos fazer o melhor possível há 22 anos, expondo como aqui se vive, de fato; publicando análises sobre situações variadas do quadro socioambiental da região; investigando aplicações de recursos públicos, dentre tantos temas, e também desenvolvemos projetos culturais, como o restauro da canoa de tolda Luzitânia ou ainda pela conservação da biodiversidade do Baixo São Francisco, como a Reserva Mato da Onça e seu programa Caatingas – Meta 2035.

Por isso, para colaborar, faça uma doação. A Canoa de Tolda precisa navegar.