Via SIMACaatinga | Rede InfoSãoFrancisco / quinta-feira – 28 de novembro de 2019

Mapas divulgados pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da UFAL – Universidade Federal de Alagoas, mostram seca com umidade dos solos abaixo de 10%, o que é uma situação crítica

As secas, tão presentes historicamente na região, estão mais intensas, conforme mapeamento do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) publicado no início da semana.

De acordo com o professor Humberto Barbosa, coordenador do Lapis, o atual quadro de baixa umidade registrado esse mês é mais grave em relação aos outros meses. “Em novembro, praticamente todo o semiárido está com umidade abaixo de 10%, percentual considerado muito baixo. É normal para essa época do ano, naturalmente seca. Mas no Nordeste, as chuvas estão abaixo da média. As temperaturas também estão mais altas, 1 a 2 graus acima da média. Não temos nenhum sinal de la Niña ou de el Niño no Pacífico, então o Oceano Atlântico é quem está influenciando o clima. Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS)
está dominando. O resultado é chuvas abaixo da média e altas temperaturas, em relação à média histórica”, analisa.

Caatingas devastadas, ausência de planos emergenciais para a crise climática: futuro incerto para o semiárido. Foto | Rede InfoSãoFrancisco

O mapeamento é realizado semanalmente pelo Laboratório e, de acordo com Barbosa, “é o melhor indicador agrometeorológico e a ferramenta mais prática é mais rápida para informar ao agricultor sobre a condição da umidade do solo propícia à produção”. A radiografia da seca foi feita com base na análise da umidade dos solos de cada município, obtidas a partir de imagens de satélites. A umidade dos solos é um índice de secas que fornece um panorama atualizado do avanço do fenômeno em cada área da região.

O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) monitora a situação da seca nos estados do Nordeste brasileiro, a partir de satélites. De acordo com os mapas divulgados esta semana, os estados do Nordeste brasileiro enfrentam atualmente uma condição de seca intensa.

A situação já é bastante crítica e a maior parte dos municípios da região encontra-se em situação de emergência, de acordo com a Defesa Civil nacional. Esse reconhecimento permite que o governo federal transfira recursos para ações de resposta aos impactos da seca nos locais mais afetados.

Radiografia da seca

O quadro é apresentado com base na análise da umidade dos solos de cada município.

As informações são obtidas a partir de imagens de satélites, que permitem mapear, com a mesma metodologia, toda a região.

A umidade dos solos é um índice de secas que fornece um panorama atualizado do avanço do fenômeno em cada área da região. A imagem de satélite pode subsidiar ações de contingência para a gestão de riscos e desastres na região.

Alagoas

Mapa via LAPIS – UFAL

A imagem de satélite da umidade dos solos em Alagoas mostra que 87 dos seus municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 15%, considerado muito baixa. O número corresponde a 85% dos municípios do estado que enfrentam seca atualmente.

Um total de 39 municípios foram reconhecidos em situação de emergência por conta da estiagem.

Bahia

Mapa via LAPIS – UFAL

De acordo com o monitoramento por satélites da umidade dos solos, na Bahia, 377 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 10%, considerado muito baixo. O número corresponde a 90% dos municípios do estado que enfrentam seca.

Segundo a Defesa Civil, 189 municípios estão em emergência, por ocasião de seca e estiagem.

Ceará

Mapa via LAPIS – UFAL

A imagem de satélite mostra que, no Ceará, 176 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 10%, considerado muito baixa. O número corresponde a 95% dos municípios da região que enfrentam situação crítica de seca atualmente.

De acordo com a Defesa Civil, 58 dos municípios cearenses estão em situação de emergência, por ocasião de seca ou estiagem.

Maranhão

Mapa via LAPIS – UFAL

A imagem de satélite mostra que, no Maranhão, 178 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 15%, considerado muito baixo. O número corresponde a 82% dos municípios maranhenses que enfrentam situação de seca.

Apesar da seca no Maranhão, não há reconhecimentos vigentes de situação de emergência em municípios do estado.

Paraiba

Mapa via LAPIS – UFAL

A imagem de satélite mostra que, na Paraíba, 216 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 10%, considerado muito baixo. O número corresponde a cerca de 97% dos municípios do estado.

De acordo com a Defesa Civil, 177 municípios já foram reconhecidos em situação de emergência, por conta da estiagem.

Pernambuco

Mapa via LAPIS – UFAL

A imagem de satélite mostra que, em Pernambuco, 169 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 10%, considerado muito baixo. O número corresponde a 91% dos municípios do estado que enfrentam situação de seca intensa.

Segundo a Defesa Civil, 120 municípios pernambucanos já foram reconhecidos em situação de emergência pelo governo federal, por conta de seca ou estiagem.

Piaui

Mapa via LAPIS – UFAL

A imagem de satélite mostra que, no Piauí, 221 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 10%, considerado muito baixo. O número corresponde a 98% das localidades.

De acordo com a Defesa Civil nacional, apenas 45 municípios estão reconhecidos em situação de emergência no estado.

Rio Grande do Norte

Mapa via LAPIS – UFAL

A imagem de satélite mostra que, no Rio Grande do Norte, 156 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 15%, considerado muito baixo. O número corresponde a 93% dos municípios do estado que enfrentam seca atualmente.

Não há reconhecimentos vigentes de situação de emergência em municípios do estado.

Sergipe

Mapa via LAPIS – UFAL

A imagem de satélite mostra que, em Sergipe, 53 municípios estão com percentual de umidade dos solos abaixo de 15%, considerado muito baixo. O número corresponde a 70% dos municípios do estado que enfrentam seca atualmente.

De acordo com a Defesa Civil, apenas 8 municípios foram reconhecidos em situação de emergência pelo governo federal, por ocasião de seca e estiagem.

Panorama da seca no Nordeste

Mapa via LAPIS – UFAL

A imagem, a seguir, mostra um panorama da seca, a partir da análise da umidade dos solos, em toda a região do Nordeste e do Semiárido brasileiro.

Conclusão

Com ações de treinamento e capacitação, muitos gestores e tomadores de decisão poderiam utilizar o potencial da ferramenta umidade dos solos para planejar ações de resposta à seca, em tempo hábil. Inclusive, ela pode ser útil para justificar a solicitação do reconhecimento federal de situação de emergência em municípios da região.

A medida é importante porque, ao atualizarmos o mapa da seca no Nordeste brasileiro, em novembro de 2019, identificamos que, em geral, o número de municípios em emergência é muito inferior às localidades que já enfrentam seca intensa. Isso significa que muitos municípios secos não dispõem de recursos para adotarem as medidas de resposta.

Desse modo, a gestão do risco de desastre, por conta de seca ou estiagem, requer uma constante atualização, com ferramentas adequadas. As imagens de satélite da umidade dos solos são alternativas efetivas para o planejamento das ações de contingência

Fontes

SIMACAATINGA. Sistema de Monitoramento e Alerta para cobertura vegetal da Caatinga  (SIMACaatinga). Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites, Universidade Federal de Alagoas, Maceió-AL, Novembro, 2019

Site O Eco

Este artigo faz parte da integração e compartilhamento de conteúdos com o InfoSãoFrancisco.

Imagem em destaque – Caatingas devastadas no interior de Pão de Açúcar, AL – Foto | Rede InfoSãoFrancisco

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