2007 foi um ano interessante: a Luzitânia tem seu restauro finalizado, volta às águas e retoma as navegações; no final do ano, chuvas fortes no trecho mais próximo do Sub-Médio, e na zona superior do Baixo São Francisco trarão, ainda que por pouco tempo, uma pequena cheia para o rio de baixo; o Guerreiro de Natal estava belo, forte; as belas tardes na foz do rio e no sertão seriam concorrentes na memória futura.

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Carlos Eduardo Ribeiro Junior – org. / Daiane Fausto dos Santos – org. e tratamento imagens

Publicado em 28 de dezembro de 2019

2007

Com a Luzitânia de volta às águas do São Francisco em fevereiro de 2007, gradativamente a canoa vai retomando sua inserção na paisagem do dia a dia da margem. Como no porto de cima de Brejo Grande, aguardando a maré para algumas montagens finais.

Foto | Canoa de Tolda

Em meio ao movimento ainda intenso de pessoas no vai e vem entre o rio e suas casas, a Luzitânia é objeto de todas as atenções: ” que tempo que uma canoa de tolda não parava nesse porto, minha filha”. “Apois, essa é das pequena, tinha cada canoona, como a Bandeirante, do véio Zunga, tinha a Canindé e tanta da canoa pegando o mangaio aqui pra levá pro sertão…”

Foto | Canoa de Tolda

Estariam as tardes de fim de verão mais bonitas com a silhueta da canoa quieta, se preparando para retomar as carreiras?

Foto | Canoa de Tolda

Em final de tarde no Pontal do Peba, na zona costeira da foz do São Francisco, é hora dos irmãos colocarem seu barquinho na água. O vento está brando, bom de brincar.

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Menino pequeno, fica ali, na espera. Vendo o barco do irmão, quem sabe, o barco do pai.

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Porto da balsa, Piaçabuçu, AL.

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No porto da balsa, em Piaçabuçu, a balsa Nova Estrela, nos calços para levar o fogo que matará os buzanos. Peleja a ser encarada ao menos duas vezes por ano. Ou o fundo da embarcação vira uma peneira.

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Aproveitando a maré baixa, Eraldo, tripulante da Nova Estrela, cozinha o taboado com o maçarico a gás.

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Assim como Araúna de Tonho Carmelo, um dos irmãos proprietários da balsa. Vida de barqueiro da margem.

Foto | Canoa de Tolda

Na travessia entre Brejo Grande, SE e Piaçabuçu, na bocada do riacho da ilha do Monte.

Foto | Canoa de Tolda

O que sobrou do pontalete do Pela Pau, na ilha do Arambipe, na foz do rio.

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As barras do sul, Ponta dos Mangues, e a boca do rio.

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Ali, parece tão perto, a água doce chega à pancada do mar.

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O vento fresco do verão, encarneira o rio na chegada a Piaçabuçu, AL.

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Em 2007, as tardes, apesar do estrago e do avanço sem parar do mar, ainda eram tão boas de serem passadas no Cabeço.

Foto | Canoa de Tolda

Os derradeiros coqueiros, antes nos fundos do povoado, agora aguardavam sua hora da queda no mar.

Foto | Canoa de Tolda

O sol baixa, as sombras vão ficando compridas e não há vontade de puxar para casa.

Foto | Canoa de Tolda

Talvez fosse melhor ter ficado e dormido sobre uma palha de coqueiro, cama boa, cheirosa.

Foto | Canoa de Tolda

Naquele ano, as derradeiras crianças nascidas no Cabeço, como a filha de Clara, no banho bom, para refrescar para a noite.

Foto | Canoa de Tolda

E também, como esquecer, naquele verão de 2007, na trovoada, os riachos no sertão botaram e a água ficou toldada, água como das cheias de antes das barragens. Água de São Francisco ainda rio.

Foto | Canoa de Tolda

O ano fecha com as festas de rua, como o Guerreiro da Paciência, em Piaçabuçu, anunciando o Natal.

Foto | Canoa de Tolda

Festas que, em grande parte, vão ficando mais raras, talvez chegando ao esquecimento. E ao desconhecimento:  “Guerreiro? Nunca ouvi falar disso, não…”

Foto | Canoa de Tolda

2008

A visão do Oiteiro, acima de Gararu, no início de 2008, quando ocorre a segunda redução de vazão abaixo de 1.300 m³/s, desde 2001. Logo após as trovoadas que carrearam tanto material que seria consolidado. O rio mostra, mais uma vez, suas entranhas.

Foto | Canoa de Tolda

Os estragos que na época já eram considerados uma aberração, seriam algo miúdo perto do que seria testemunhado a partir de 2013.

Foto | Canoa de Tolda

A grande serra dos Meirus, no interior de Pão de Açúcar, AL, mesmo de longe, do interior de Sergipe, é a dominadora da paisagem.

Foto | Canoa de Tolda

O banho na croa do Farias, abaixo de Pão de Açúcar, AL.

Foto | Canoa de Tolda

Desde o início da atuação da Sociedade Canoa de Tolda no Baixo São Francisco, estamos realizando o registro fotográfico da vida ao longo das margens e da zona costeira da região. A partir de então, foi montado acervo que, atualmente, é composto por cerca de oitenta mil imagens produzidas unicamente pela Canoa de Tolda. A essa coletânea temos ainda inúmeras fotografias cedidas por colaboradores, parceiros ou ainda adquiridas em outras fontes.

Como referência aos vinte anos da Canoa de Tolda em seu movimento completados em 2018, serão publicadas matérias em série com seleção das imagens mais significativas desde os idos de 1997.

Algumas imagens poderão parecer repetitivas e/ou recorrentes. Porém, são apresentadas pois fixaram momentos distintos e/ou significativos de uma situação, um caso.

Outras imagens podem ser conhecidas em nosso Acervo/Fotografia.

Nota – Algumas imagens mais antigas foram produzidas a partir de fotografias em suporte analógico e não tiveram, na época, digitalização adequada, comprometendo a qualidade do registro. Ainda assim, optamos em apresentar as imagens, pelo valor documental sobre como se vive (ou vivia) ao longo do Baixo São Francisco. Esse material está em processo de recuperação.

Imagem em destaque no topo – O magnífico Guerreiro de Natal da Paciência, Piaçabuçu, AL.  Foto |  Canoa de Tolda © 2019