Da primeira e marcante visão da canoa Luzitânia em dezembro de 1997, são vinte essenciais anos de convivência com a embarcação símbolo do Patrimônio Naval do Baixo São Francisco.

Esta matéria abre uma série de foto reportagens que apresentarão um pouco da história da canoa Luzitânia e o seu envolvimento com a Sociedade Canoa de Tolda. Ao ser tomada a decisão de adquiri-la e realizar seu restauro, ainda que com a perspectiva de grandes dificuldades de porte

Carlos Eduardo Ribeiro Junior

Publicado em 3 de dezembro 2018

1997

Após meses de espera,buscando em vários portos, enfim a primeira visão da Luzitânia, a derradeira canoa em atividade no Baixo São Francisco: no través da Jacobina, AL, acima de Gararu, SE.

Imagem | Canoa de Tolda

A passagem da canoa, debaixo de vento forte, com o piloto Abel Aleijado na popa será inesquecível. O inicio da convivência. 

Imagem | Canoa de Tolda

1998

A canoa Luzitânia no então calmo, esquecido povoado Curralinho, município do Poço Redondo, SE. Era a fase inicial de negociações com o proprietário, Fernandes de João Pidoca, para a aquisição destinada ao restauro.

Imagem | Canoa de Tolda

Ainda em 1998, em situação cada vez mais precária, bem deteriorada, fazendo muita água, a Luzitânia viajava cada vez menos. Estavam em curso as difíceis e intermináveis negociações, ainda, com o proprietário Fernandes, para a aquisição da embarcação.

Imagem | Canoa de Tolda

Naquele ano a Luzitânia permanecia sob a responsabilidade do piloto de anos, Abel Aleijado. Seu porto de referência era o Mato da Onça, povoado a montante de Pão de Açúcar, no sertão de Alagoas. Não fosse sua permanência na embarcação, a Luzitânia já teria ido ao fundo, sem dúvida alguma. O esgotamento da água que invadia o casco era trabalho de inúmeras vezes, horas ao dia.

Imagem | Canoa de Tolda

Com limitações para a navegação, a canoa dividia seu tempo entre o Mato da Onça, AL e o Curralinho Velho, AL, localidades uma defronte à outra.

Imagem | Canoa de Tolda

Na mesma época, a Canoa de Tolda teve a informação de interesse do Museu Nacional do Mar em adquirir a embarcação para seu acervo. Era um problem.a, pois contrariava a intenção da entidade em restaurar a canoa para que permanecesse no Baixo. Afinal, era a derradeira e não havia lógica em deixar de navegar para findar num museu, ainda que interessante, a mais de dois mil quilômetros de distância. 

Imagem | Canoa de Tolda

2000

Em fevereiro de 1999, já como patrimônio da Sociedade Canoa de Tolda, a Luzitânia é desmontada e arrastada para terra, no Mato da Onça. Seu estado precário, com a estrutura e o casco já extremamente comprometidos, colocava em risco a embarcação. A decisão de tira-la da água tinha como objetivo preservar suas linhas e componentes básicos até a possibilidade de um restauro. 

Imagem | Canoa de Tolda

Mastros, leme, bolinas, estrados, tudo o que fizesse peso desnecessário foi desembarcado. A canoa foi arrastada para o beiço do rio e, no mesmo processo secular, colocada sobre os mastros. 

Imagem | Canoa de Tolda

Abel Aleijado, o então piloto da canoa, no comando da manobra, a Luzitânia é colocada sobre seus mastros que, molhados, ajudarão a peleja de empurrar a embarcação para terra. Técnica secular sendo mantida no século 21. 

Imagem | Canoa de Tolda

Com a ajuda de várias pessoas da comunidade, força na popa, força na proa, pouco a pouco a Luzitânia sobe para terra. 

Imagem | Canoa de Tolda

Falta pouco, mas em breve a Luzitãnia estará em local protegido, à espera de possibilidade de restauro e voltar a navegar em perfeito estado. O que viria a acontecer em somente em 2007. 

Imagem | Canoa de Tolda

A carcaça da bolina, assim como as demais peças removidas da Luzitânia, servirão como modelos para a confecção dos novos componentes. A retirada de uma embarcação da água, para terra, é o limiar de seu fim de vida. Porém, no caso da canoa Luzitânia, havia a perspectiva do restauro, o que de fato ocorreu.

Imagem | Canoa de Tolda

Sobre seus mastros, no leito seco do rio onde antes era uma das centenas de rainhas, a Luzitânia está disponível para um futuro, quem sabe, mais promissor.

Imagem | Canoa de Tolda

Abel, Avelardo, embarcados na canoa em terra, talvez viagem em seus sentidos para o movimento que viveram, na margem, como canoeiros navegando entre o sertão e a praia.

Imagem | Canoa de Tolda