Redação / segunda-feira – 11 de novembro de 2019

Operador Nacional do Sistema alega incompatibilidade da operação de Xingó com geração eólica, situação que implicaria em de perda energética

Ao final da tarde de hoje, dia 11, quando estavam em curso os preparativos para a manobra de docagem da canoa Luzitânia na quinta, dia 14, a CHESF –Companhia Hidro Elétrica do São Francisco enviou comunicado transferindo para a próxima semana a operação (que seria o incremento da vazão regularizada atual).

Segundo a CHESF, através da SOO – Superintendência de Operações:

“Em virtude da previsão do aumento de geração eólica nas usinas da Região Nordeste nos próximos dias, dificultando a compatibilização com a geração  hidráulica nas usinas no Complexo de Paulo Afonso e Xingó, o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS comunicou à Chesf a necessidade de postergação para a próxima semana, da programação especial de defluências da UHE Xingó, conforme informada na Carta Circular SOO-014/2019 de 08/11/2019.

Veja abaixo o comunicado de 08 de novembro na íntegra que republicamos:

Documento – Acervo Canoa de Tolda

Em complemento, a SOO encaminhou o comunicado do ONS – Operador Nacional do Sistema que tem como texto:

“Avaliações atualizadas das condições meteorológicas que impactam a geração eólica, indicam que nos próximos dias há forte probabilidade de termos uma expressiva geração dessa fonte. Este fato, associado à geração adicional motivada para atendimento das necessidades de navegação da Canoa de Tolda levaria a um excesso de geração na região Nordeste com possibilidade de perda energética. Paralelo a isso, tem-se que, na próxima semana, devido à entrada de frente fria na região, haverá uma redução da geração por fonte eólica.

Sendo assim, visando o melhor uso dos recursos energéticos, solicitamos que ocorra transferência da programação para atendimento da atividade relacionada à Canoa de Tolda para a próxima semana, com a respectiva providencias por parte da CHESF e ONS.”

No local já preparado, a Luzitânia, sobre o leito seco do rio, aguarda a água para a manobra de transferência. Foto | Canoa de Tolda

A movimentação da canoa Luzitânia é necessária para que a embarcação histórica – um bem móvel tombado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – possa ficar em local seguro na RMO – Reserva Mato da Onça, fora da zona de variações diárias de nível de espelho d’água.

Nesta configuração do local de atividades, os trabalhos de rotina e necessários para sua conservação poderão ser realizados com menor dificuldade.

Tendo como base o comunicado do dia 08, os preparativos de organização do local (limpeza de vegetação invasora, remoção de pedras, tocos) foram realizados rapidamente na sexta feira, para que não ocorressem imprevistos que pudessem provocar danos à embarcação.

A determinação do setor elétrico, depois de um acordo sacramentado, foi uma notícia inesperada.

Como já apresentado, a situação da canoa Luzitânia é delicada pois a embarcação não pode ficar indefinidamente exposta ao sol, com risco de comprometimento de colagens de sua estrutura. A alta temperatura que já ocorre em meio de primavera provoca variações dimensionais que podem trincar as juntas e elementos colados o que significaria a indesejada expectativa de as colagens tenham que ser refeitas. Uma situação que implicaria em grande prejuízo físico e financeiro aumentando as já consideráveis dificuldades de conservação da canoa Luzitânia.

♦ A conservação da canoa Luzitânia é uma iniciativa permanente da Canoa de Tolda.

Imagem em destaque – A Luzitânia sobre calços no leito seco do rio na Reserva Mato da Onça. Foto | Canoa de Tolda

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