Via Rede InfoSãoFrancisco / segunda-feira – 05 de agosto de 2019

Contando com o pouco compromisso de órgãos ambientais e de gestão do rio que não fazem valer um modelo operacional que o proteja, o ONS segue eterno na sua modelagem do São Francisco: tudo para atender à demanda suicida – que deveria obrigatoriamente seguir a oferta de água, que já se findou

Na reunião da ANA – Agência Nacional de Águas de hoje, 5 de agosto, o ONS – Operador Nacional do Sistema, seguindo o sistema de dominação do setor (elétrico), mais uma vez e sem qualquer oposição ou ainda uma alternativa, apresenta seu modelo de como o São Francisco deve ser pelos próximos meses. Modelo de operações de barramentos, que estão mantendo vazões regularizadas com picos de 800 m³/s (oitocentos metros cúbicos por segundo) e médias mínimas da ordem de 685 m³/s (seiscentos e oitenta e cinco metros cúbicos por segundo) valores que a cada minuto agregam mais e mais impactos ao já desastroso passivo socioambiental do Baixo São Francisco.

É o chamado quadro de “conforto” para os ecossistemas (supondo que os ecossistemas com seres humanos estejam incluídos), como classificou o Comitê da Bacia do São Francisco.

A qualidade da água segue comprometida, assim como o acesso das milhares de pessoas espalhadas ao longo do Baixo São Francisco, as chamadas populações difusas que não são contempladas pelos dados referentes ao Baixo São Francisco oficial. Os bancos de algas verdes e vegetação aquática invasoras seguem sua expansão, agora com menos intensidade, pela baixa  da temperatura das águas do rio, porém, mantendo a situação ao longo da zona próxima às margens insustentável para as pessoas que não são beneficiadas por sistemas de captação e tratamento.

Ainda sobre a qualidade da água, a CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, na mesma reunião do dia 5, apresentou material com resultados de Monitoramento de Qualidade de Água Durante o Período de Restrição de Vazão. Para o Sub-médio.

Como mencionado acima,o Baixo São Francisco, região fisiográfica das mais afetadas pela regularização abaixo de 1300 m³/s (hum mil e trezentos metros cúbicos por segundo, vazão mínima estabelecida pelo Plano de Bacia) permanece, oficialmente, como uma zona “parda”, um limbo, ao longo da bacia.

Situações graves, que comprometem a saúde coletiva, são consideradas como já dissemos, alto de um quadro ‘sem criticidade”, nos termos repetidos ao longo dos relatórios oficiais, a base da legalização dos modelos de operação de barramentos, desde 2013.

Imagem em destaque – Barra do rio Capiá. Foto | Canoa de tolda © 2019

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